Folha de Londrina

Conservado­r Mario Abdo Benítez é o novo presidente do Paraguai

- Diego Zerbato Folhapress

Assunção - O ex-senador Mario Abdo Benítez, 46, do Partido Colorado (direita), venceu as eleições presidenci­ais no Paraguai neste domingo (22). Homônimo de seu pai, braço direito do ditador Alfredo Stroessner (1912-2006), ele tinha 46,5% dos votos com 96% das urnas apuradas, contra 42,7% de Efraín Alegre, 55, do Partido Liberal (centro), que fez aliança com a Frente Guasú (esquerda), do ex-presidente Fernando Lugo.

Por volta das 22h10 (horário de Brasília), o Tribunal Superior da Justiça Eleitoral declarou a disputa presidenci­al irreversív­el. Está previsto que o candidato, que acompanhav­a a apuração na sede do Partido Colorado, em Assunção, se pronuncie ainda neste domingo.

Segundo a Justiça Eleitoral, o comparecim­ento na eleição foi de 64%, quatro pontos acima do registrado em 2013, quando o atual presidente, Horacio Cartes, venceu Alegre. Cerca de 4,2 milhões de paraguaios estavam aptos a votar, incluindo cerca de 300 mil cadastrado­s em EUA, Espanha, Argentina e Brasil.

Com a confirmaçã­o da vitória, os colorados manterão a hegemonia no país -a sigla só ficou de fora do poder em cinco dos últimos 70 anos.

No entanto, a vantagem de Marito, como é conhecido, foi menor do que previam as pesquisas antes da eleição e as de boca de urna, que apontavam margens superiores aos dez pontos - algumas superando os 20. Por fim, o candidato vencedor obteve menos da metade dos eleitores - no Paraguai não há segundo turno.

O candidato vencedor defendeu a continuida­de das políticas econômicas de Cartes, junto com uma agenda conservado­ra alinhada com seu movimento, o Colorado Añetete (verdadeiro, em guarani).

Propôs o serviço militar obrigatóri­o para filhos de mães solteiras como forma de diminuir a inseguranç­a e o consumo de drogas e se colocou contra a legalizaçã­o do aborto e o casamento entre pessoas do mesmo sexo, em um país com 96% da população cristã.

Porém, amenizou o discurso sobre corrupção para não atingir Cartes e outros colorados envolvidos em processos. No campo da campanha, priorizou os discursos em vídeos sociais em vez de entrevista­s e debates, para as críticas de Alegre, que se expunha mais aos jornalista­s.

O liberal também teve propostas mais concretas, como a redução da tarifa de energia e a construção de infraestru­tura para usar a parte vendida a Brasil e Argentina das usinas hidrelétri­cas de Itaipu e Yacyretá; a saúde pública gratuita e o imposto sobre o tabaco.

Ele disse que priorizará a abertura do Mercosul a outros países do mundo. “O Mercosul tem um potencial ainda não desenvolvi­do à profundida­de que eu gostaria. Nós vamos continuar aprofundan­do os laços com os países do bloco e abrirmos ao mundo.”

Também prestou solidaried­ade aos venezuelan­os pela crise e disse que continuará com o tom crítico da administra­ção de Cartes contra o regime de Nicolás Maduro.

“Sempre fui crítico à condução política da Venezuela. Minha solidaried­ade com esse grande povo, que em um momento foi o farol democrátic­o da América Latina e que tem que recuperar seu caminho democrátic­o.”

O novo presidente paraguaio nasceu em 10 de novembro de 1971, na época em que o pai trabalhava para Stroessner. Durante a infância e a adolescênc­ia, estudou no Colégio San Andrés, um dos melhores de Assunção. Em 1999, último ano da ditadura, uniu-se às Forças Armadas, tornandose paraquedis­ta. Empresário do setor asfáltico, aderiu à política em 2005. Tornouse vice-presidente do Partido Colorado e, sete anos depois, elegeu-se senador. Foi presidente do Congresso entre 2015 e 2016, ao mesmo tempo em que fomentava seu projeto de buscar a Presidênci­a.

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Norberto Duarte/AFP Mario Abdo Benítez ao lado da esposa, Silvana López

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