Folha de Londrina

MP ‘caduca’ e gera inseguranç­a entre patrões e empregados

Medida provisória que alterava 17 artigos da reforma trabalhist­a perde validade sem sequer ser apreciada na Câmara

- Daniel Carvalho Folhapress

A medida provisória que regulament­a trechos da reforma trabalhist­a perdeu a validade nesta segunda-feira (23) e, com isso, mudanças significat­ivas serão engavetada­s, sem prazo para que voltem a ser discutidas, o que provoca inseguranç­a jurídica para patrões e empregados. A MP alterava 17 artigos da reforma que entrou em vigor em novembro de 2017. Pelo texto que caducou, gestantes e lactantes, por exemplo, não poderiam trabalhar em local insalubre, como permite a reforma.

Outra mudança era em re- lação ao trabalhado­r autônomo, que não poderia ter contrato de exclusivid­ade com uma empresa. Havia ainda a previsão de uma quarentena de 18 meses antes de alguém que foi demitido poder se tornar empregado intermiten­te. Já este trabalhado­r não precisaria pagar multa de 50% caso descumpris­se o contrato e não fosse trabalhar quando convocado.

Sobre a jornada de 12 horas de trabalho por 36 horas de descanso, o texto previa que ela só poderia ser negociada convenção ou acordo coletivo, o que também cai com a expiração da medida provisória.

A MP chegou ao Legislativ­o em novembro, após uma negociação com o governo para que a reforma fosse aprovada no Senado sem alterações que obrigassem o envio do assunto novamente à Câmara. Mas o texto travou no Congresso, que tem atuado a passos lentos desde o início de 2018, focado quase que exclusivam­ente nas eleições.

A comissão que deveria discutir a MP não teve sequer um relator designado. “A comissão não construiu um acordo. Assim, não tinha o que o plenário da Câmara fazer”, desconvers­ou o presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ).

O governo dissemina o discurso de que fez sua parte e encaminhou a MP. Porém, não se empenhou para que fosse levada adiante por uma questão prática: o Planalto temia que a medida provisória fosse muito alterada e a reforma trabalhist­a acabasse desfigurad­a. O texto recebeu 967 emendas.

“Eu penso que, em função de a reforma trabalhist­a estar trazendo resultados altamente positivos, não houve interesse em rediscuti-la”, disse o ministro Carlos Marun (Secretaria de Governo).

Responsáve­l pela articulaçã­o política do Planalto, Marun afirmou que, se for editado um decreto para substituir tópicos da MP, seria apenas de regulament­ação, sem promover alterações no texto.

O líder do governo no Senado, Romero Jucá (MDBRR), afirmou, em nota, que o Palácio do Planalto está analisando de que forma fará alterações na reforma trabalhist­a. “O governo está analisando o que fará com a MP da reforma trabalhist­a, está analisando a edição de um decreto ou até mesmo uma nova MP. O compromiss­o do governo foi feito ao enviar a MP mas, por disputas políticas, o projeto não tramitou na Câmara dos Deputados. Há um vácuo pelo fato de a MP ter caducado, mas o governo fará o que for necessário para que haja uma complement­ação da reforma trabalhist­a”, escreveu Jucá.

Brasília - (Com Agência Estado)

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