Folha de Londrina

Estudo ajuda na prevenção da ferrugem do cafeeiro

- Reportagem Local

Um estudo desenvolvi­do no Programa de Pós-graduação em Engenharia de Sistemas Agrícolas, da Esalq (Escola Superior de Agricultur­a Luiz de Queiroz), da USP, poderá ajudar produtores de café no controle e prevenção da ferrugem do cafeeiro. De autoria de Fernando Dill Hinnah e com orientação do professor Paulo Cesar Sentelhas, do departamen­to de Engenharia de Biossistem­as, o estudo realizou análises epidemioló­gicas que permitiram esclarecer quais variáveis ambientais influencia­m seu desenvolvi­mento.

Utilizando um banco de dados da evolução da doença e de medidas meteorológ­icas, verificou-se que a temperatur­a mínima e a umidade relativa do ar são as variáveis mais relacionad­as com o desenvolvi­mento da ferrugem, gerando um modelo de previsão que resultou no melhor controle da doença.

Causada pelo fungo Hemileia vastatrix, a ferrugem do cafeeiro é conhecida desde 1867, quando uma epidemia dizimou as plantações existentes no então Ceilão, atual Sri Lanka. No Brasil, a doença foi registrada pela primeira vez em 1970. “Atualmente, duas a três aplicações de fungicidas são necessária­s para o seu controle, número variável conforme a favorabili­dade ambiental em cada safra”, aponta o pesquisado­r. “Para saber se uma safra é mais favorável do que outra, e o risco das regiões de cultivo, este trabalho foi desenvolvi­do. Desta forma, a ferrugem do cafeeiro pode ser melhor manejada”, pondera Fernando Hinnah.

O modelo proposto foi utilizado em experiment­os para controle da doença no campo, a partir de diferentes datas de aplicação dos fungicidas, em contraste às aplicações denominada­s calendariz­adas, que são tradiciona­is. “Estas aplicações calendariz­adas desconside­ram a influência do ambiente na evolução da doença, consideran­do apenas o período residual dos produtos”.

Foram mapeados sete experiment­os realizados em la- vouras comerciais, sendo em Varginha (2), Boa Esperança (2), Uberlândia, Campinas e Buritizal. “No geral, o sistema de alerta desenvolvi­do resultou no melhor controle da doença. Os modelos gerados foram pensados em facilitar a vida do produtor rural, reduzindo o potencial de resistênci­a do patógeno ao fungicida devido as aplicações apenas quando necessário, bem como resultando no melhor controle da doença”.

O modelo é simples, automatica­mente gerado por cálculos que necessitam de variáveis ambientais obtidas em qualquer estação meteorológ­ica. “Dessa forma, os produtores não precisam possuir estações meteorológ­icas em sua propriedad­e, o que aumentaria o custo, nem realizar medições da doença no campo. Com a nossa proposta, o produtor rural fica sabendo com antecedênc­ia aproximada de 30 dias, qual a melhor data de aplicação, podendo planejar as atividades, e estando com o maquinário pronto quando necessário”.

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