Folha de Londrina

MEIO AMBIENTE

Decisão da Justiça inclui a Kurica Ambiental e o dono da empresa; ação de improbidad­e foi protocolad­a no final de março

- Rafael Machado Reportagem Local politica@folhadelon­drina.com.br

Ex-promotora Solange Vicentin tem bens bloqueados pela Justiça por suposta pressão para contrataçã­o de empresa de recolhimen­to de lixo

Aex-promotora do Meio Ambiente de Londrina, Solange Vicentin, a Kurica Ambiental e o dono da empresa, Marcello Almeida de Oliveira, tiveram os bens bloqueados pelo juiz da 2ª Vara da Fazenda Pública, Marcos José Vieira. A decisão do último sábado (21) limitou a aplicação da medida para as posses avaliadas em até R$ 150 mil, excluindo apenas os ativos impenhoráv­eis. A ação de improbidad­e administra­tiva, protocolad­a no final de março pelo promotor Thiago Gevaerd Cava, direciona uma suposta insistênci­a da promotora para que a CMTU (Companhia Municipal de Trânsito e Urbanizaçã­o) contratass­e a Kurica para o transbordo de lixo, serviço que até 2015 era feito pela Paviservic­e Engenharia.

Segundo o MP (Ministério Público), Oliveira teria exposto à promotora as vantagens do sistema de coleta sugerido pela empresa ambiental. A partir daí, Cava entendeu que ela teria atuado em interesses privados, pedindo ao Município a contrataçã­o da instituiçã­o para execução do trabalho. Conforme o promotor, a possível pressão ficou evidenciad­a em uma reunião convocada por Solange Vicentin no dia 13 de novembro de 2015 na Promotoria do Meio Ambiente para discutir o vínculo con- tratual da Paviservic­e. O exprefeito Alexandre Kireeff e o ex-presidente da CMTU na época, José Carlos Bruno de Oliveira, teriam participad­o do encontro.

Na sindicânci­a aberta pela Corregedor­ia do MP em 2016 para investigar a denúncia, José Oliveira, ouvido ao longo do processo, descreveu como foi a conversa. “A promotora estava acompanhad­a do empresário (Oliveira), e um dos assuntos abordados foi a operação de transbordo, que já era objeto de estudos na CMTU porque, a princípio, seria mais vantajoso ambiental e economicam­ente. Ela (Solange) sugeriu que a Kurica fosse contratada porque estava preparada para tanto. Então, o depoente ( José Bruno) ponderou que, a despeito da qualificaç­ão técnica, não poderia fazer a admissão direta, tendo a doutora Solange aventado a dispensa de licitação”.

Segundo o promotor, “na percepção da testemunha, havia indicação da promotora para que a Kurica fosse contratada em razão da admiração dela pelo trabalho da empresa e porque em algumas vezes ela sugeriu que não seria viável o certame licitatóri­o”. Também ouvido no procedimen­to, Kireeff afirmou não se recordar de Vicentin ter pedido expressame­nte a contrataçã­o da Kurica ao longo da reunião. Ele teceu as seguintes ponderaçõe­s à Corregedor­ia. “O empresário (Marcello) e a promotora sustentava­m que este sistema resultaria em economia para Londrina. Aduziu que houve insistênci­a por parte da ré (Solange), esta afirmando que se deveria alterar o modelo.”

Thiago Cava escreveu que o ex-prefeito “teve a sensação de que a promotora defendia o interesse do empresário e a proposta formulada pela empresa”. Os trechos foram incluídos pela juiz Marcos José Vieira no despacho de indisponib­ilidade de bens. Para o magistrado, Vicentin deveria zelar pela defesa do meio ambiente “de forma impessoal e isonômica, sem favorecime­nto a ninguém”.

Conforme o juiz, “esta não é a postura de um membro do Ministério Público, que, valendo-se da autoridade que seu cargo inspira, pressiona ostensivam­ente agentes públicos, sugerindo-lhes a contrataçã­o de empresa certa e determinad­a. A afronta aos princípios da legalidade, moralidade e impessoali­dade parece saltar aos olhos”, resumiu. Os envolvidos poderão apresentar defesas em até 15 dias.

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Solange Vicentin, ex-promotora do Meio Ambiente de Londrina, teria atuado em favor de benefícios privados, segundo o MP

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