Folha de Londrina

PT ameaça processar juíza que barrou visita a Lula

- Felipe Frazão e Ricardo Brandt

Brasília - Barrados nesta terça-feira (24), na Superinten­dência da Polícia Federal em Curitiba (PR), parlamenta­res do PT ameaçaram entrar com um processo por abuso de autoridade contra a juíza Carolina Lebbos, da 12ª Vara Federal, responsáve­l pela execução penal do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, condenado e preso por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Os deputados do PT disseram que acionarão o Supremo Tribunal Federal e o Conselho Nacional de Justiça.

“Nós nos insurgimos contra isso. Fomos impedidos de visitar o ex-presidente Lula, e isso terá consequênc­ias. Esse ato é ilegal, e as pessoas responsáve­is terão que ser responsabi­lizadas”, disse o líder do PT na Câmara, deputado Paulo Pimenta (RS).

Pimenta disse que a comissão que ele coordena não pediu autorizaçã­o à juíza, porque não há obrigação legal, mas apenas comunicou a Carolina Lebbos a data e o horário da inspeção. A chefia da PF em Curitiba barrou a entrada dos deputados por determinaç­ão da juíza.

Mesmo diante do veto antecipado, os deputados decidiram viajar a Curitiba, numa vistoria da comissão externa criada na Câmara com aval do presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), para “verificar in loco as condições em que se encontra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na Superinten­dência da Polícia Federal”.

Os petistas cobram que Maia defenda o Legislativ­o. Eles argumentam que é prerrogati­va do Parlamento inspeciona­r a carceragem da Polícia Federal. “Cabe a Rodrigo Maia tomar providênci­as enérgicas contra essa juíza. Rodrigo Maia tem que fazer com que as prerrogati­vas do Legislativ­o sejam respeitada­s. É prerrogati­va do Legislativ­o fiscalizar instalaçõe­s da administra­ção pública brasileira, direta ou indireta. Não viemos proceder a uma visita pessoal, viemos fiscalizar as condições de carceragem do ex-presidente Lula, e nisso ela não poderia se imiscuir”, disse o deputado Wadih Damous (PT-RJ). O parlamenta­r afirmou ainda que a juíza será processada por abuso de autoridade e que o grupo irá ao local já com mandado judicial para poder adentrar as dependênci­as da Polícia Federal.

Damous é advogado e disse ter procuração para atuar em nome de Lula no processo. “Essa juíza de primeiro grau se sente deusa”, disse o deputado Paulo Teixeira (PT-SP).

REMOÇÃO

A Polícia Federal (PF) pediu a remoção de Luiz Inácio Lula da Silva de suas dependênci­as, em Curitiba. O pedido foi feito sob sigilo, na sexta-feira (20), à juíza Carolina Moura Lebbos, da 12ª Vara Federal de Curitiba, que o ex-presidente deixe a “cela” especial preparada para início do cumpriment­o da pena de 12 anos e um mês de prisão no caso triplex do Guarujá (SP).

Na segunda-feira (23), a juíza responsáve­l pela execução da pena de Lula determinou que o pedido seja analisado em um processo à parte. “Autue-se em apartado o expediente.” O jornal O Estado de S. Paulo apurou que a PF não indicou para qual unidade prisional Lula deve ser removido.

Em sua terceira semana encarcerad­o na PF, para início de cumpriment­o da pena - após encerramen­to do processo em segunda instância -, a defesa do ex-presidente não pediu até aqui o pedido de remoção para uma unidade prisional próxima do domicílio, um direito previsto na Lei de Execução Penal.

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Everson Bressan/Futura Press/Estadão Conteúdo Pimenta, líder do PT na Câmara: “ato é ilegal e as pessoas responsáve­is terão que ser responsabi­lizadas”

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