Folha de Londrina

Por eleição, Temer pode dar aumento maior ao Bolsa Família

- Gustavo Uribe

Brasília - Na tentativa de construir uma marca social neste ano de eleições, o presidente Michel Temer pretende dar um aumento ao Bolsa Família maior que o defendido pela equipe econômica.

Com a alegação de que não há espaço orçamentár­io para um reajuste robusto, a Fazenda e o Planejamen­to têm defendido conceder um aumento de 3%, pouco superior à inflação oficial do ano passado, que fechou em 2,95%.

O percentual, no entanto, é considerad­o insuficien­te pela equipe política de Temer, que tem pressionad­o por um reajuste de no mínimo 5%, que permita ao governo federal colher dividendos eleitorais com o anúncio.

Em conversas reservadas, o presidente tem admitido que pretende conceder um reajuste superior a 3%, mas pondera que só tomará a decisão após reunião na quinta-feira (26) com a equipe econômica.

O receio do Palácio do Planalto é que uma simples correção inflacioná­ria possa ser usada por candidatos adversário­s como argumento de que o MDB fez pouco pela área social.

No ano passado, com o mesmo discurso sobre a falta de recursos, o Bolsa Família não teve reajuste. Para este ano, o presidente chegou a discutir incluir no percentual de reajuste um adicional por conta da valorizaçã­o do botijão de gás, que em dezembro teve alta de 16,39% em relação ao mesmo mês do ano anterior. O plano, contudo, foi abandonado.

Com uma reprovação de 70%, como mostrou o Datafolha, o presidente tem articulado uma candidatur­a à reeleição para ficar em evidência e evitar que seu mandato perca apoios político e econômico antes do final do ano.

O anúncio do reajuste do Bolsa Família faz parte do pacote eleitoral montado pelo Palácio do Planalto para tentar viabilizar pelo menos o presidente como um fiador do processo eleitoral.

A ideia é que o aumento seja comunicado em cerimônia no Palácio do Planalto ou em pronunciam­ento oficial no 1º de Maio, Dia do Trabalhado­r.

Além do aumento, o Palácio do Planalto discute dar um bônus mensal a famílias que tenham filhos matriculad­os em cursos técnicos ou profission­alizantes e um complement­o para beneficiár­ios que realizarem trabalho voluntário.

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