Folha de Londrina

Arrecadaçã­o tem aumento real de 3,95% em março

Índice aponta que recolhimen­to de tributos federais perdeu forÁa em marÁo com evoluÁão mais lenta da atividade econômica

- Idiana Tomazelli Eduardo Rodrigues Agência Estado

- A retomada na arrecadaçã­o de tributos federais perdeu força em março com a evolução mais lenta da atividade econômica. As receitas da União tiveram alta real de 3,95% no mês passado ante março de 2017, um desempenho aquém do verificado no primeiro bimestre deste ano, quando o cresciment­o ficou na casa dos 10%. Economista­s citam as incertezas eleitorais como fator negativo sobre a atividade e, consequent­emente, sobre as receitas do governo. Já a Receita Federal evitou relacionar o desempenho de março a uma tendência para o ano.

O valor arrecadado que somou R$ 105,659 bilhões foi o melhor desempenho para meses de março desde 2015. Entre janeiro e março deste ano, a arrecadaçã­o federal somou R$ 366,401 bilhões, o melhor desempenho para o período também desde 2015. O montante ainda representa avanço de 8,42% na comparação com igual período do ano passado.

A arrecadaçã­o de tributos federais em março foi ajudada pelo recolhimen­to das parcelas do recente progra- ma de refinancia­mento de débitos tributário­s, o Refis, e pelos efeitos ainda existentes da última elevação de PIS/Cofins sobre combustíve­is. Segundo a Receita Federal, os fatores não recorrente­s adicionara­m R$ 3,335 bilhões aos cofres no mês passado. Só com o Refis, a arrecadaçã­o somou R$ 1,074 bilhão, mais que o dobro das receitas obtidas com o programa em março de 2017 (R$ 400 milhões).

A mudança no PIS/Cofins sobre combustíve­is, anunciada em julho do ano passado, adicionou outros R$ 2,261 bilhões à arrecadaçã­o em março de 2018, 89,62% a mais do que o volume de receitas obtido em igual mês de 2017.

O chefe do Centro de Estudos Tributário­s e Aduaneiros da Receita Federal, Claudemir Malaquias, admitiu que houve mudança no patamar de alta da arrecadaçã­o, “assim como as projeções para o cresciment­o da atividade este ano estão sendo revistas pelos analistas”. Economista­s ouvidos pelo Banco Central no Boletim Focus têm ficado mais pessimista­s e projetam agora expansão de 2,75% no PIB este ano - há um mês, essa estimativa era de 2,89%. A previsão oficial do governo é de alta de 3%.

Malaquias evitou, no entanto, atrelar o movimento da arrecadaçã­o em março a um compasso novo e definitivo para 2018. “Não sabemos se isso é tendência”, disse. “Estamos extremamen­te satisfeito­s com os resultados de março, porque isso está aderente ao ritmo da economia. Se esse ritmo vai mudar ou não, os indicadore­s macroeconô­micos que irão dizer. Mas estamos otimistas”, acrescento­u.

Economista­s viram nos resultados uma evidência clara de que a recuperaçã­o está mais lenta do que o desejado pelo governo. O desempenho da arrecadaçã­o em março ficou inclusive abaixo da média das expectativ­as, que previa receitas de R$ 109 bilhões no mês passado, segundo o Estadão/ Broadcast.

As incertezas que cercam as eleições de 2018, que a julgar pelo número de pré-candidatos à Presidênci­a será a mais disputada desde 1989, têm exercido uma influência negativa sobre a economia, avaliou o economista Luiz Fernando Castelli, da GO Associados.

“Algumas tomadas de decisão acabam sendo adiadas”, disse. Mesmo um fator positivo como a queda dos juros está demorando para chegar à “ponta final”, que são as empresas e os consumidor­es, o que dificulta ainda mais o processo de retomada, disse Castelli. Mesmo assim, ele afirmou que o cresciment­o da arrecadaçã­o

Brasília A indústria e o comércio têm tido desempenho positivo. Serviços se recupera com menos intensidad­e” deve continuar ao longo de 2018.

SETORES

Apesar do desempenho mais tímido das receitas em março, Malaquias ressaltou que houve ampliação na arrecadaçã­o em todos os recortes por setor econômico no primeiro trimestre do ano.

“A indústria e o comércio têm tido desempenho positivo. Apenas o setor de serviços vem se recuperand­o com menos intensidad­e. Foi o último setor a entrar na crise, agora é o último a sair da recessão. Essa recuperaçã­o mais lenta também impacta na arrecadaçã­o”, detalhou o economista da Receita.

Um dos indícios do desempenho mais fraco do setor de serviços é queda de 5,82% na arrecadaçã­o do Imposto de Renda das empresas (IRPJ) que declaram pelo lucro presumido, na comparação de março contra igual mês de 2017.

As receitas previdenci­árias também diminuíram no mês passado. Segundo Malaquias, embora as empresas estejam contratand­o empregados formais nos últimos meses, houve queda na média de salários praticados por essas companhias. A consequênc­ia é uma massa salarial menor ou estagnada, o que também afeta a arrecadaçã­o de tributos federais.(Colaborou

Caio Rinaldi)

 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil