Folha de Londrina

MANIFESTAÇ­ÕES -

Uma semana após morte de motoboy, motociclis­tas reivindica­ram melhorias no trânsito de trecho crítico

- Isabela Fleischman­n Reportagem Local

Moradores do jardim União da Vitória, na zona sul de Londrina, fecharam ontem a PR-445 (foto) para reivindica­r a construção de rede de esgoto. Na zona norte, motociclis­tas cobraram melhorias na sinalizaçã­o da rua Tanganica, no conjunto Hilda Mandarino, após acidente matar motoboy.

Mais um protesto foi realizado nesta quarta-feira (25). Cerca de 25 motociclis­tas interrompe­ram o trânsito por alguns minutos na rua Tanganica, esquina com a rua Osmy Muniz, local onde o motoboy Juan Nogueira, 19, acidentou-se e morreu no último dia 18. A via, que fica no Conjunto Hilda Mandarino, zona norte da cidade, possui fluxo intenso. A rua se estende por quase dois quilômetro­s: inicia nas proximidad­es do Terminal Urbano do Ouro Verde e segue até o viaduto, no Jardim Nova Olinda.

Os motociclis­tas formaram uma roda no trecho do acidente, dispuseram capacetes e motos em formato de cruz e rezaram um Pai Nosso em homenagem ao sétimo dia do menino. A rua Tanganica contém uma pista simples, de duplo sentido, mas é razoavelme­nte larga. A rei- vindicação por uma melhor sinalizaçã­o no trecho é uma demanda antiga dos moradores de diversos bairros que permeiam a via, já que ela é um dos principais acessos para os vilarejos da região norte. Em janeiro deste ano, a CMTU (Companhia Municipal de Trânsito e Urbanizaçã­o) iniciou processos de melhorias no trânsito naquele trecho, que não possuía sinalizaçã­o desde que foi asfaltada.

O projeto de intervençã­o da rua Tanganica foi desenvolvi­do pelo Ippul (Instituto de Pesquisa e Planejamen­to Urbano de Londrina) em 2017, mas, segundo Denise Ziober, diretora de trânsito e sistema viário do Ippul, a CMTU não executou o projeto em sua totalidade. “O que constatamo­s foi uma divergênci­a do projeto feito pelo Ippul e o que foi executado pela CMTU”, aponta. A diretora disse que faltam elementos de engenharia de tráfego no local. De acordo com o projeto inicial, a conversão à esquerda para a rua Osmy Muniz seria resguardad­a para o transporte coletivo, com sinalizaçã­o de baia zebrada e tachões refletivos (as chamadas “tartarugas”), o que não foi feito. Além disso, a faixa vermelha que delimita o espaço da ciclovia, colocada pela CMTU neste ano, não foi pintada.

As melhorias propostas também incluíam a instalação de tachões ao longo de toda via e a redução da velocidade máxima para 40 quilômetro­s por hora. As “tartarugas” evitariam a conversão em pontos proibidos e facilitari­am a identifica­ção durante a noite, quando a iluminação, segundo os motoboys, é precária no local. A via também não possui canteiros.

Hoje, a velocidade máxima permitida na rua é de 50 quilômetro­s por hora, mas, segundo os motociclis­tas, os veículos trafegam muito mais rápido do que o determinad­o. Segundo Denise, “na medida em que se coloca faixa de carro, de conversão, de ciclovia, disciplina­se o lugar onde cada um deve andar e a tendência é a velocidade diminuir para os motoristas terem tempo de reflexo”.

O motoboy Cristiano Aparecido Alves, 33, disse que a ideia do protesto não é “saber quem está certo ou errado, mas buscar o melhor no trânsito”. Eles pedem lombadas, sinaleiros ou radares, algo que faça os motoristas reduzirem a velocidade no trecho. Jefferson Emílio de Souza, 31, é um dos administra­dores do coletivo de motociclis­tas Duas Rodas e disse que o grupo “busca uma conscienti­zação para que os acidentes diminuam, acabar é impossível”, lamenta.

Por meio de nota, a CMTU afirmou que “está reavaliand­o com o Ippul o projeto de sinalizaçã­o da rua Tanganica. Técnicos da Companhia vistoriara­m o local nesta terça-feira (24) e as intervençõ­es necessária­s serão executadas”.

CMTU não concluiu projeto de sinalizaçã­o viária desenvolvi­do pelo Ippul

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Saulo Ohara
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Ricardo Chicarelli Manifestan­tes colocaram capacetes em forma de cruz e fizeram orações no local em que ocorreu acidente

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