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Uma semana após morte de motoboy, motociclistas reivindicaram melhorias no trânsito de trecho crítico
Moradores do jardim União da Vitória, na zona sul de Londrina, fecharam ontem a PR-445 (foto) para reivindicar a construção de rede de esgoto. Na zona norte, motociclistas cobraram melhorias na sinalização da rua Tanganica, no conjunto Hilda Mandarino, após acidente matar motoboy.
Mais um protesto foi realizado nesta quarta-feira (25). Cerca de 25 motociclistas interromperam o trânsito por alguns minutos na rua Tanganica, esquina com a rua Osmy Muniz, local onde o motoboy Juan Nogueira, 19, acidentou-se e morreu no último dia 18. A via, que fica no Conjunto Hilda Mandarino, zona norte da cidade, possui fluxo intenso. A rua se estende por quase dois quilômetros: inicia nas proximidades do Terminal Urbano do Ouro Verde e segue até o viaduto, no Jardim Nova Olinda.
Os motociclistas formaram uma roda no trecho do acidente, dispuseram capacetes e motos em formato de cruz e rezaram um Pai Nosso em homenagem ao sétimo dia do menino. A rua Tanganica contém uma pista simples, de duplo sentido, mas é razoavelmente larga. A rei- vindicação por uma melhor sinalização no trecho é uma demanda antiga dos moradores de diversos bairros que permeiam a via, já que ela é um dos principais acessos para os vilarejos da região norte. Em janeiro deste ano, a CMTU (Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização) iniciou processos de melhorias no trânsito naquele trecho, que não possuía sinalização desde que foi asfaltada.
O projeto de intervenção da rua Tanganica foi desenvolvido pelo Ippul (Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Londrina) em 2017, mas, segundo Denise Ziober, diretora de trânsito e sistema viário do Ippul, a CMTU não executou o projeto em sua totalidade. “O que constatamos foi uma divergência do projeto feito pelo Ippul e o que foi executado pela CMTU”, aponta. A diretora disse que faltam elementos de engenharia de tráfego no local. De acordo com o projeto inicial, a conversão à esquerda para a rua Osmy Muniz seria resguardada para o transporte coletivo, com sinalização de baia zebrada e tachões refletivos (as chamadas “tartarugas”), o que não foi feito. Além disso, a faixa vermelha que delimita o espaço da ciclovia, colocada pela CMTU neste ano, não foi pintada.
As melhorias propostas também incluíam a instalação de tachões ao longo de toda via e a redução da velocidade máxima para 40 quilômetros por hora. As “tartarugas” evitariam a conversão em pontos proibidos e facilitariam a identificação durante a noite, quando a iluminação, segundo os motoboys, é precária no local. A via também não possui canteiros.
Hoje, a velocidade máxima permitida na rua é de 50 quilômetros por hora, mas, segundo os motociclistas, os veículos trafegam muito mais rápido do que o determinado. Segundo Denise, “na medida em que se coloca faixa de carro, de conversão, de ciclovia, disciplinase o lugar onde cada um deve andar e a tendência é a velocidade diminuir para os motoristas terem tempo de reflexo”.
O motoboy Cristiano Aparecido Alves, 33, disse que a ideia do protesto não é “saber quem está certo ou errado, mas buscar o melhor no trânsito”. Eles pedem lombadas, sinaleiros ou radares, algo que faça os motoristas reduzirem a velocidade no trecho. Jefferson Emílio de Souza, 31, é um dos administradores do coletivo de motociclistas Duas Rodas e disse que o grupo “busca uma conscientização para que os acidentes diminuam, acabar é impossível”, lamenta.
Por meio de nota, a CMTU afirmou que “está reavaliando com o Ippul o projeto de sinalização da rua Tanganica. Técnicos da Companhia vistoriaram o local nesta terça-feira (24) e as intervenções necessárias serão executadas”.
CMTU não concluiu projeto de sinalização viária desenvolvido pelo Ippul