Folha de Londrina

Moro com restrições

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A força-tarefa da Lava Jato reagiu com o emocionali­smo esperado, através do procurador Carlos Fernando Santos Lima, ante a decisão da Segunda Turma do STF, por 3 a 2, de tirar da área de Sergio Moro as delações relativas ao Instituto Lula e ao sítio de Atibaia por não terem relação com a Petrobras. Isso vinha de longe sendo intentado pela defesa e aconteceu.

É visível que aquela aura de unanimidad­e que cercava a operação judicial não é a mesma dos primeiros tempos, não só porque acumulou desgastes como arregiment­ou interesses como os genéricos da fauna política (a cada momento uma bola da vez agora Ciro Nogueira (PP) e ainda Eduardo Azeredo (PSDB) aquele que precede o mensalão do PT), a mobilizaçã­o de todos os criminalis­tas aturdidos e o jogo sinuoso das maiorias ocasionais do STF em que há visível confusão entre teses em debate e personalis­mos. Por sinal, se há princípio devastado nisso tudo poucos superam o da impessoali­dade.

Cada censura (e tivemos aquela de Teori Zavascki e que alcançou também Deltan Dallagnol) ao time da Lava Jato é festejada com euforia e apostava-se na terça-feira (24) que o próprio CNJ o fizesse em relação a Sergio Moro, no caso de dois anos atrás da gravação Lula-Dilma, posto que o tema tenha sido adiado. O divisor de águas é esse: Lava Jato e a fauna que, de vez em quando, faz algum gol. Os que desejam o retorno, se possível integral, da impunidade tida como praxe, recuperam a confiança e, às vezes, num ato de descompres­são afirmam com unção religiosa “queremos o nosso Brasil, à nossa maneira, de volta.” Nunca mais será o mesmo.

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