Moradores cobram saneamento básico
Moradores dos jardins União da Vitória 5 e 6 (zona sul de Londrina) interromperam o trânsito na PR-445 na manhã de quarta-feira (25), na altura da entrada do conjunto Jamile Dequech, em protesto contra a falta de saneamento básico. O estopim para o protesto foi um acidente com uma criança de 2 anos que teria caído em uma vala de esgoto a céu aberto.
O menino é filho do motorista e líder comunitário Edson Aparecido da Silva, que organizou o protesto. O movimento dos moradores começou às 8h30 e, uma hora depois, já gerava um congestionamento de mais de dois quilômetros na pista que dá acesso ao centro de Londrina. Por volta das 10h30, os manifestantes passaram a liberar o trânsito por curtos períodos. O fluxo só foi totalmente liberado depois que o vice-prefeito João Mendonça foi ao local ouvir as reivindicações. Segundo Silva, ele se comprometeu a marcar uma reunião com os representantes dos moradores ainda nesta semana para tentar um acordo.
“A população não pode viver em um bairro que tem esgoto a céu aberto. Meu filho soltou da mão do irmão mais velho e caiu na vala. Se eu não estivesse por perto, não sei o que teria acontecido”, reclamou Silva, que precisou entrar na vala para salvar a criança. Ele apontou que, além do risco de acidentes, o esgoto atrai ratos, baratas, caramujos e aranhas que oferecem riscos e podem provocar doenças. “Tem muito caso de virose e diarreia no bairro. Outro dia teve até um caso de peste bubônica, que é uma doença transmitida por ratos. Todo mundo fica preocupado”, diz.
Segundo o morador, já foram protocolados documentos reivindicando as melhorias. “A prefeitura disse que a obra seria liberada, mas até agora não fizeram nada. Queremos uma solução”, pede.
O vendedor Giovani Cruz relatou que os três filhos dele tiveram que tomar injeção de antibiótico no início da semana por causa de uma infec- ção provocada por picadas de insetos. “Eles ficam cheios de feridas. A gente limpa em casa, mas não podemos cuidar de toda rua”, lamentou. Para o morador, o União da Vitória é um bairro “abandonado”. Ninguém vem aqui, não recebemos atenção da prefeitura e até mesmo para pegar ônibus temos que andar muito. Queremos que tomem providências”, afirmou.
O motorista Alessandro Pedro vinha de Paranaguá (Litoral) para entregar uma carga em Cambé (Região Metropolitana de Londrina), ficou mais de uma hora parado no congestionamento e estava preocupado com a hora de descarregar no destino. Ele lamentou, mas considerou o motivo justo.
Por meio de nota divulgada pelo Núcleo de Comunicação, a prefeitura informou que os bairros sem saneamento são ocupações irregulares e que, no caso do União da Vitória 6, a Cohab está contratando empresa para fazer análises topográficas da área, bastante acidentada, para confirmar onde é possível fazer melhorias, como asfalto e esgoto. Já as características geológicas e também ambientais do União da Vitória 5 impedem qualquer tipo de obra.
Também por meio da assessoria de imprensa, a Sanepar informou que a questão topográfica dos bairros é realmente impeditiva para realização de obras de saneamento da forma tradicional. A companhia aguarda a conclusão, pela prefeitura, do traçado urbanístico dos bairros, pois só após a regularização das localidades será possível definir providências para resolver o problema.