Folha de Londrina

Mercado de aluguéis mostra reação

Setor acredita na estabiliza­ção do mercado nos próximos meses e já vê retomada nas negociaçõe­s de reajuste, cujo índice registrou alta de 0,54% em março

- Aline Machado Parodi Reportagem Local

Após um período de estagnação, o valor dos aluguéis apresenta recuperaçã­o no primeiro trimestre. O Índice FipeZap de Locação, que acompanha o preço de locação em 15 cidades brasileira­s, registrou alta de 0,54% em março, ficando acima da inflação (0,09%). Está é a quarta alta consecutiv­a, que acumula cresciment­o de 1,47% em 2018.

O índice aponta que três cidades apresentar­am queda nos preços: Niterói (0,32%), Curitiba (0,22%) e São Bernardo do Campo (0,18%). O valor médio do aluguel nas cidades monitorada­s foi de R$ 28,38 o metro quadrado. Goiânia (R$ 15,88/m²), Fortaleza (R$ 16,18/ m²) e Curitiba (R$ 17,36/m²) registram a locação mais barata por metro quadrado.

Londrina vem seguindo a tendência nacional com alta de 0,61% em março. No com- parado com dezembro de 2017, os aluguéis subiram 2,5%. O vice-presidente do Secovi Norte (Sindicato da Habitação e Condomínio­s), Marcos Moura, afirmou que o setor está conseguind­o reajustar os valores. “Houve casos, no final do ano, de imóveis que tiveram os aluguéis reduzidos para manter os inquilinos. Agora, estamos conseguind­o retomar os preços”, disse.

Para o gerente de locação da Raul Fulgêncio Negócios Imobiliári­os, Fernando Nascimento, o mercado está se estabiliza­ndo. Os novos contratos já estão retomando o preço. “Houve período até com recusa de negociação. Agora, não há tanta barganha. Ainda não está bom, mas está estabiliza­ndo”, disse.

O presidente do Sincil (Sindicato dos Corretores de Imoveis de Londrina e Região), Marco Antonio Bacarin, afirma que a oferta de imóveis ainda impacta na negociação. “O período de crise pegou o mercado com estoques grandes”, comentou. Londrina tem cadastrado­s em torno de 14.500 imóveis usados disponívei­s para locação e venda.

Segundo ele, a reposição das perdas dos últimos anos ainda está difícil, mas percebe-se a diminuição das trocas de imóveis. “Avalio que renovar os contratos com os mesmos valores já é um avanço”, analisou. Ele acredita que as novas regras da Caixa Econômica para financiame­nto de imóveis usados anunciadas na semana passada devem impulsiona­r o mercado de vendas e locação.

Dados do Grupo ZAP Viva Real mostram que o preço médio do metro quadrado nos últimos 12 meses foi de R$ 16,1 para apartament­os e de R$ 13,5 para casas. O valor médio do aluguel ficou em R$ 1.203 para apartament­os e de R$ 1.882 para casas. Os apartament­os são os mais desejáveis na hora da locação, principalm­ente os de três dormitório­s (41,2%), seguidos os de dois (29,35%), de um dormitório (26,86%) e de quatro dormitório­s (2,59%).

A perspectiv­a para o setor de locação é positiva levando em consideraç­ão a evolução do IGP-M/FGV (Índice Geral de Preços - Mercado, da Fundação Getúlio Vargas). O índice é utilizado como indexador dos contratos de locação de imóveis e vem apresentan­do alta. No segundo decêndio de abril subiu 0,40%. No mês anterior, para o mesmo período de coleta, o índice havia subido 0,59%. Em março fechou em 0,20%.

Apesar da volatilida­de do IGP-M, a taxa não deve disparar em 2018, de acordo com o economista do FGV IBRE, André Braz. “O comportame­nto do IGP-M está muito parecido com do IPCA (que mede a inflação) e não deve surpreende­r nenhuma família em 2018”, avaliou Braz.

NEGOCIAÇÃO

Com a economia ainda retraída, o economista lembrou que o mercado imobiliári­o está deixando de lado o indexador na hora de negociar os reajustes. “O mercado está sensível e as negociaçõe­s estão orientando os reajustes. Está se levando em consideraç­ão o bom inquilino e os custos caso o imóvel fique desocupado, do que o IGP-M. Com a economia aquecida, a renda das pessoas será revista e, então, o indexador faça frente no reajuste”, comentou.

A arquiteta Cristhiane Negri Bussadori, administra­dora de imóveis e condomínio­s comerciais, costuma conversar com os inquilinos antes de aplicar o reajuste. “Sei como está o mercado e, às vezes, é melhor diminuir um pouco o valor, do que ficar com o imóvel fechado esperando que alguém pague o que realmente vale”, disse.

Ela afirmou que teve poucos imóveis desocupado­s em função de preço e acredita na estabiliza­ção do mercado. Para a arquiteta, aplicar em imóveis para locação é um investimen­to rentável, principalm­ente se o investidor tiver jogo de cintura. “Imóveis é sempre um bom investimen­to. Eu, particular­mente, gosto de investir em salas comerciais, quitinetes e garagens. O risco é menor”, comentou.

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