Equipe do Ilece se destaca em competições de parabadminton
Time formado em 2010 foi a primeira do Paraná na modalidade e abriu caminho para consolidação do esporte para pessoas com deficiência intelectual
Londrina está na elite nacional do parabadminton. O time do Ilece (Instituto Londrinense de Educação para Crianças Excepcionais), que representa o município na categoria “deficientes intelectuais”, vem colecionando medalhas em competições de badminton específicas para pessoas com necessidades especiais.
A equipe treinada pelo técnico Edmundo Novaes reúne destaques como Devanil Jesus Maciel, 39, ex-aluno do Ilece e que hoje é funcionário da instituição. Campeão brasileiro duas vezes na categoria, ele conta que já treinava basquete na escola, mas se encontrou no badminton e, graças ao esporte, emagreceu 15 quilos e está muito mais disposto. As medalhas são motivo de orgulho, mas os maiores ganhos são no desenvolvimento do atleta. “Achei que seria difícil entender as regras, mas acabei aprendendo”, conta ele.
A equipe formada em 2010 pelo técnico Novaes foi a primeira do Paraná na modalidade. Desde então, abriu caminho para consolidação do esporte para pessoas com deficiência intelectual. A confederação estadual incluiu a modalidade em 2012. “Fomos pioneiros porque a prática por deficientes intelectuais é nova”, afirmou, destacando que a luta agora é incluir o esporte nas Olimpíadas. “Os jogos paraolímpicos de 2020 terão disputas de badminton entre atletas com deficiências físicas. Esperamos que haja oportunidades também para os deficientes intelectuais”, pede.
A equipe do Ilece representa Londrina no campeonato brasileiro e também em competições como Jogos Abertos Paradesportivos, Jogos Escolares e Olimpíada Estadual das Apaes. Participar dos jogos impõe desafios que vão além de conseguir o melhor desempenho na quadra. “A gente viaja para competir, então eles precisam aprender a se organizar, a se virar sem os familiares por perto, a manter os alojamentos em ordem e a cuidar das próprias coisas. Os avanços são muitos”, expõe.
Aprender e seguir as regras do esporte e manipular as raquetes exige atenção e coordenação motora, o que também traz ganhos que são replicados em outras atividades do dia a dia. “Os atletas superam desafios com muito êxito. Familiares relatam que os alunos estão motivados a competir”, diz ele, que tem um custo alto para transportar a equipe para as competições e gostaria de poder contar com patrocinadores.
A atleta Renata Marcia Venâncio, 30, é duas vezes vicecampeã regional na categoria “síndrome de down” e garante que praticar badminton só faz bem. “Minha cabeça ficou muito melhor”, conta ela, que teve ganhos na coordenação motora e também na aprendizagem das regras. “Outra coisa que aprendi foi a importância do respeito com os colegas”, afirmou.
As viagens para praticar badminton e outros esportes também trazem muitos aprendizados. “É muito bom viajar sozinha, aprendo a não fazer bagunça”, simplifica. O melhor sentimento de ser atleta, porém, é ganhar muitas medalhas. “Gosto dos aplausos, para mim receber medalhas é vida”, comemora.
CLÍNICA
Na semana passada, a equipe do Ilece realizou uma Clínica de Badminton para aprimorar técnicas e aperfeiçoar golpes utilizados no esporte com o atleta Guilherme Kumasaka, que integrou a seleção brasileira de 1995 a 2008. Neste período, ele participou de quatro Pan-Americanos (Argentina-95, Canadá-99, Porto Rico-2003, e Rio-2007), conquistando a medalha de bronze nos Jogos Pan-Americanos do Rio de Janeiro, em 2007.
Entre 2010 e 2012, trabalhou como assistente e coordenador técnico da seleção e, em 2016, atuou como coordenador de badminton das Olimpíadas do Rio. Atualmente, é técnico do Clube Atlético Paulista.
Em Londrina, ele teve a primeira experiência com atletas deficientes intelectuais e garante que gostou do desafio. “Eles são bastante coordenados e respondem rápido. Foi uma ótima surpresa”, avaliou.
“Eles são bastante coordenados e respondem rápido. Foi uma ótima surpresa”