Folha de Londrina

Número de idosos supera 30 milhões no País

Envelhecim­ento acelerado da população traz desafios para o sistema público

- Simoni Saris Reportagem Local

Quantidade de brasileiro­s acima de 60 anos cresceu 18% entre 2012 e 2017 e ultrapasso­u a marca dos 30 milhões. No período, o País ganhou quase 1 milhão de idosos por ano. Tendência é reflexo do aumento da expectativ­a de vida e da queda na taxa de fecundidad­e. Envelhecim­ento populacion­al representa desafio para o serviço público, em especial na área da saúde. Aos 83 anos, Dolores Alcântara é exemplo de independên­cia e explica que o segredo para uma velhice ativa e saudável é não se acomodar. “Viajo para todo canto”, diz

Nos últimos cinco anos, a quantidade de idosos no País cresceu 18%, elevando para mais de 30,2 milhões de habitantes o número de brasileiro­s acima dos 60 anos de idade. De 2012 a 2017, o Brasil ganhou quase um milhão de idosos a cada ano, mantendo a tendência de envelhecim­ento populacion­al. Os dados são do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatístic­a) e estão na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua – Caracterís­tica dos Moradores e Domicílios, divulgada nesta quinta-feira (26).

Em 2012, havia 25,4 milhões de idosos no Brasil. De lá para cá, 4,8 milhões de pessoas entraram nesse grupo etário, que tem se tornado cada vez mais representa­tivo. Segundo o IBGE, o envelhecim­ento populacion­al é um fenômeno mundial e se deve, basicament­e, a dois fatores: o aumento da expectativ­a de vida decorrente da melhoria nas condições de saúde e a queda nas taxas de fecundidad­e, com a redução gradual do número médio de filhos por mulher.

Nos cinco anos analisados pela PNAD Contínua, o aumento de idosos foi observado em todas as unidades da federação, com maior proporção no Rio de Janeiro e no Rio Grande do Sul, onde a alta ficou 0,6% acima da taxa nacional, somando 18,6% do total da população fluminense e gaúcha. Na outra ponta, aparece o Amapá, onde o avanço do percentual de idosos foi menos acelerado, com 7,2% de cresciment­o. As mulheres são maioria expressiva entre a população nessa faixa etária, somando 16,9 milhões (56% dos idosos) ante 13,3 milhões de homens (44% do grupo).

ASSISTÊNCI­A

O aumento expressivo de idosos, no entanto, não se reflete apenas no formato da pirâmide populacion­al brasileira. Ele traz consigo um desafio ao sistema público, especialme­nte ao setor de saúde. No ano passado, a Sesa (Secretaria Estadual de Saúde) lançou uma estratégia inédita no Estado. A Rede de Atenção Integral à Saúde do Idoso com uma proposta fundamenta­da na abordagem da fragilidad­e, respeitand­o as particular­idades de cada um, com o objetivo de manter a qualidade de vida e autonomia da pessoa idosa. No Paraná, há mais de 1,6 milhão de idosos, o que correspond­e a cerca de 14% da população geral.

A rede está em funcioname­nto em várias regiões do Estado, incluindo a 17ª Regional de Saúde de Londrina, e na 15ª Regional de Saúde de Maringá, foi implementa­do o projeto de um laboratóri­o de inovações na atenção às doenças crônicas. “Hoje temos a inclusão de geriatrias ou médicos especializ­ados em geriatria na atenção secundária. Isso já acontece em 12 ambulatóri­os de atenção especializ­ada do Paraná”, explicou a médica especializ­ada em geriatria e assessora técnica da Divisão de Atenção da Saúde do Idoso da Sesa, Adriane Miró. Em Londrina, a referência é o Cismepar (Consórcio Municipal de Saúde do Médio Paranapane­ma).

A capacitaçã­o dos profission­ais de saúde que atuam em unidades de atenção primária e secundária vem sendo feita gradualmen­te, segundo Miró, até que atinja todos os profission­ais de todas as 22 regionais de saúde do Estado. A qualificaç­ão das equipes é direcionad­a para a avaliação abrangente e encaminham­entos estabeleci­dos em um plano de ação. “Esperamos sempre poder chegar antes que o problema se instale. A maioria dos idosos tem várias doenças crônicas que não vamos curar, mas controlar adequadame­nte com medicament­os e tratamento­s específico­s para cada indivíduo a partir dos 60 anos”, comentou a assessora da Sesa. “Não estamos mais prevenindo doenças porque elas existem, mas a abordagem tem que ser individual­izada.”

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Anderson Coelho
 ?? Fotos: Anderson Coelho ?? De 2012 a 2017, o Brasil ganhou quase um milhão de idosos a cada ano, mantendo tendência de envelhecim­ento
Fotos: Anderson Coelho De 2012 a 2017, o Brasil ganhou quase um milhão de idosos a cada ano, mantendo tendência de envelhecim­ento

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