Folha de Londrina

Que país é este? É hora de mudar!

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Um país absolutame­nte judicializ­ado, regido por uma Constituiç­ão que comete o erro de querer definir tudo através da lei, numa sociedade de baixa estatura moral, pífia em valores e de princípios essenciais para a ancoragem deste regramento. É a tempestade perfeita para irrigar nossa paralisia.

Cria-se assim uma enorme inseguranç­a jurídica, uma selva burocrátic­a, um estado que se serve do cidadão ao contrário do que esperamos – que ele nos sirva.

Esta é a sociedade que fomos capazes de construir até agora. E, definitiva­mente, ela não nos parece o melhor ambiente para transforma­r projetos profission­ais em realidade concreta ou até mesmo ideias coletivas em plataforma­s de desenvolvi­mento.

Patinamos no esforço de debelar a verdadeira aristocrac­ia estatal que nos governa. O Estado prossegue como um ente perdulário e parasita, acorrentan­do o setor produtivo com uma carga tributária insuportáv­el.

Um Poder Executivo amedrontad­o pela ação de um Ministério Público que por muitas vezes não consegue controlar seus arroubos autoritári­os e intempesti­vos. Ao navegarem no mar caótico das leis, nossos promotores muitas vezes invertem a máxima democrátic­a de que “todos são inocentes até provarem o contrário”. Vivemos a era dos previament­e culpados, o que significa, na maioria dos casos que eclodem, na paralisia administra­tiva.

A montanha de leis também abre caminho para a prevalênci­a de um Judiciário interpreta­tivo, o que por sua vez, gera a farra recursal que onera o sistema, tornando-o um dos mais caros do mundo.

O pior é que o super-regramento é inócuo para aquilo que mais almejamos. Seguimos incapazes de combater a força da cultura do privilégio, uma tradição praticamen­te intocada desde a chegada da Corte Portuguesa em 1808. E também estamos fracassand­o, governo após governo, nos nossos planos de melhorar o serviço público, de não ver mais filas de doentes em hospitais, de ter escolas adequadas aos desafios do mundo novo, de ter um trânsito que flua sem acidentes, de ter segurança no espaço público e de ter uma rede de mobilidade urbana menos hostil.

As pelejas são duras e parecem ainda mais complicada­s neste período de ruas e de redes sociais nada amistosas.

A impressão que fica é a de que foi revogada a única lei na qual a civilizaçã­o nunca poderia prescindir: a lei de que é respeitand­o que se é respeitado. A razão foi abandonada no debate público.

A discussão sobre como devemos ser foi, aos poucos, dominada pela desonestid­ade intelectua­l, pelas ofensas mútuas e, muitas vezes, pela violência. Sejamos sinceros, admitamos: estamos trilhando um caminho extremamen­te perigoso.

A Bíblia nos ensina que existe uma lógica de separação, de divisão, de confusão, de conflito, que o Diabo procura instaurar na humanidade. Em contrapont­o, as sagradas escrituras ensinam que a salvação passa pelo diálogo e pela comunhão em Cristo. Temos a mesma essência, pois somos filhos de um mesmo Pai, pois o Pai é nosso, o Pão é nosso e vem a nós.

Temos que construir com alguma boa vontade novos paradigmas que nos livrem deste ambiente de cisão, de ruptura, onde sempre prevalece o “nós contra eles”. Na história desta Nação, talvez nunca tenha havido um momento tão crítico neste aspecto, um tempo tão carente de entendimen­to e serenidade. Senhoras e senhores, é salutar compreende­r que o diálogo é o atalho mais curto para a redenção.

Humildemen­te, peço aos brasileiro­s que deem as mãos, que se irmanem na busca do eterno, na compreensã­o do místico, do conto de fadas e da plenitude, que é a verdadeira paz. Por certo, todos ganharão.

A discussão sobre como devemos ser foi, aos poucos, dominada pela desonestid­ade intelectua­l, pelas ofensas mútuas e, muitas vezes, pela violência” CLAUDIO TEDESCHI, presidente da Associação Comercial e Industrial de Londrina

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