Folha de Londrina

Joaquim Barbosa anuncia que não vai concorrer à Presidênci­a

- Talita Fernandes, Daniel Carvalho e Gustavo Uribe Folhapress

- O ministro aposentado do STF (Supremo Tribunal Federal) Joaquim Barbosa anunciou nesta terça-feira (8) que não disputará a eleição para a Presidênci­a da República.

Em mensagem publicada em sua página no Twitter, Barbosa diz que tomou a decisão por razões pessoais. “Está decidido. Após várias semanas de muita reflexão, finalmente cheguei a uma conclusão. Não pretendo ser candidato a presidente da República. Decisão estritamen­te pessoal”, escreveu.

Barbosa havia se filiado ao PSB na data limite para disputar eleições, em 7 de abril. À época, fez um tímido anúncio em sua conta do Facebook, disponível apenas para amigos.

Desde então, ele e a legenda vinham fazendo mistério sobre as reais pretensões da candidatur­a.

O ex-ministro, que ficou conhecido por ter sido relator do mensalão, apareceu em terceiro lugar no último Datafolha, com 8% a 10% das intenções de voto, a depender do cenário. Ele ficava atrás apenas do deputado federal Jair Bolsonaro (PSL-RJ) e da exministra Marina Silva (Rede).

O presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, disse ter recebido um telefonema de Barbosa no início da manhã comunicand­o a decisão.

“Ele agradeceu muito a receptivid­ade do PSB, mas disse que havia refletido muito e que não ia ser”, afirmou Siqueira à reportagem. Segundo o presidente, Barbosa não alegou nenhuma razão específica para a decisão e afirmou que o expresiden­te do STF agiu dentro do que havia sido combinado.

Apesar de o partido agora ter que decidir o que vai fazer diante da ausência de um candidato, Siqueira afirmou que não pretende convocar uma reunião de emergência. “Temos tempo.”

Na semana passada, Barbosa telefonou para amigos e familiares para perguntar a opinião deles sobre a candidatur­a. Segundo relatos, ele disse

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que tomaria uma decisão no final de semana, mas demonstrav­a sinais de que desistiria.

Para eles, três fatores pesaram na decisão: o receio de exposição de sua família, o seu problema de saúde e o receio de ser engolido pela estrutura partidária do PSB. Segundo eles, o ministro se dizia incomodado com a possibilid­ade de ter de alterar as suas propostas para se adequar à sigla e que sua imagem fosse explorada de maneira indevida pela legenda.

Partido que habitou por anos a órbita do PT, o PSB tem enfrentado problemas na tentativa de alçar voo próprio na esfera nacional.

Agora, com a desistênci­a de Barbosa, ganhou força no PSB a possibilid­ade de um acordo com o PDT em torno do apoio à pré-candidatur­a de Ciro Gomes. “Nunca deixamos de conversar com o PSB e continuare­mos a conversar. Só depende deles [um acordo]”, disse o presidente do PDT, Carlos Lupi.

Já para a pré-campanha do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), a saída de Joaquim Barbosa da disputa reabre a possibilid­ade de diálogo do PSB com todos os partidos.

A avaliação é que Barbosa era a principal incógnita da eleição e o único nome de fora da política no jogo e, por isso, sua desistênci­a altera o cenário.

Questionad­o sobre quem ganha com a saída de Barbosa, Maia deixou em aberto.

“A indefiniçã­o”, limitou-se a dizer.

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Lúcio Távora/Agência Tempo/Estadão Conteúdo Barbosa alegou razões pessoais para não ser candidato

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