Procedimento cirúrgico é minimamente invasivo
Maurício Abrão, professor associado do Departamento de Obstetrícia e Ginecologia da Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo), explica que a operação que remove o tecido do endométrio que está fora do útero é uma cirurgia minimamente invasiva e que, foi desenvolvido, recentemente, um trabalho conjunto da radiologia com a ginecologia no Brasil. “Estamos fazendo o diagnóstico por ultrassom e ressonância, mas ainda precisamos de avanços na medicina para abreviar o sofrimento da mulher”, afirma. O professor explica que o tratamento da endometriose pode ser clínico, com medicamentos que eliminam a dor, e cirúrgico, que elimina os focos da doença. “Um ultrassom bem feito oferece condições de planejar o tratamento cirúrgico de forma mais adequada”, reflete.
Para o médico, o desenvolvimento da endometriose também depende da imunidade da mulher. “Cuidar do emocional, da imunidade e do estresse também é um importante tratamento da doença”, explica. Segundo Abrão, hoje as mulheres menstruam mais, devido ao estresse e ao “sistema imunológico permissivo para isso”.
Francisco Lopes reforça os avanços no diagnóstico da doença. “Algum tempo atrás era difícil fazer o diagnóstico correto. Hoje temos exames especializados de ultrassonografia e ressonância”, comenta. Para o doutor, a doença começa quando a produção hormonal da mulher estimula o endométrio fora da cartilagem uterina. No entanto, a causa da endometriose ainda é um hiato na medicina. “Um fundo genético tem sido pesquisado. Se na família há mulheres com endometriose, a chance de desenvolver a doença é sete vezes maior [do que em uma família sem endometriose]”.
Lopes argumenta que o tratamento não é uma “receita de bolo”, e que varia de mulher para mulher. Ao retirar os focos da doença, aumenta a chance de engravidar de forma natural, mas, em caso de comprometimento das trompas, mesmo com a operação, a gravidez não é possível. “Pacientes com 17, 19 anos que se queixam de muita cólica e não conseguimos ver os focos da endometriose, tratamos com medicamentos para impedir que elas menstruem. A cirurgia ajuda quem quer engravidar, mas não é certeza da gravidez”, ressalta.
Embora de predomínio genital, Lopes lembra de casos de foco de endometriose na amígdala e no pulmão, e explica que a inflamação do tecido pode acontecer sobre qualquer órgão. “Podem ocorrer lesões no intestino, ovários, trompas e bexiga”, alerta.
Para a psicóloga Giuliana Inocente, que trabalha com mulheres que sofrem de en- dometriose, quem tem endometriose também pode desenvolver ansiedade, porque não sabe ao certo quando as dores vão aparecer. “Também aumenta o estado depressivo, uma vez que elas não conseguem alcançar o que querem, como a cura e a gravidez”, comenta. Giuliana acredita que as mulheres com endometriose não precisam só de um melhor tratamento físico, mas também emocional, para que possam ter qualidade de vida. “A terapia é essencial para trabalhar principalmente a ansiedade, a depressão e a habilidade social e seus desdobramentos”, argumenta.
(I.F.)