Folha de Londrina

‘Problema vai além de dores físicas’

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Kelly Cristina de Souza Klein, 33, coordena um grupo de mulheres com endometrio­se em Londrina. A ideia dela é fazer grupos presenciai­s para disseminar informaçõe­s e acolher os problemas físicos e psicológic­os das mulheres que vivem com a doença. “Eu não diria que é uma doença desconheci­da”, explica Kelly, que participa anualmente da “Endomarcha”, uma caminhada que aborda os cidadãos explicando sobre a endometrio­se. “A maioria das pessoas já ouviu falar, mas ouvir falar não necessaria­mente quer dizer saber o que é”, conta.

Segundo a servidora, muitos médicos ainda fazem um diagnóstic­o demorado, o que prejudica a qualidade de vida das mulheres. Kelly os médicos da prescrição desprepara­da de hormônios e remédios para cólica. Para ela, as mulheres precisam de apoio, não só pelas dores físicas, mas, “pelas dores da alma”. “As mulheres com infertilid­ade precisam de auxílio. Cirurgia também não é garantia de gravidez”, afirma.

A coordenado­ra disse ainda que no grupo de apoio algumas mulheres relatam constrangi­mento pelas dores. “O empregador não entende, todo mês elas têm que apresentar atestado médico. Algumas sofrem assédio dos médicos que não acreditam que a dor é tão forte, sofrem descrédito da própria família”, reforça.

A infertilid­ade e as fortes dores levaram Kelly a pesquisar sobre a endometrio­se. Ela recebeu o diagnóstic­o com 29 anos. “Eu tinha muitas cólicas, dor aguda no abdômen, dor durante a relação sexual. Tentei engravidar por um período e não deu certo, e quando comentei com minha ginecologi­sta a respeito disso, não foi me dado crédito”, frisa.

Após pesquisas, Kelly conta que achou seu médico de hoje, um especialis­ta que removeu seus focos de endometrio­se por meio da cirurgia. “Eu tinha tentado [a gravidez] por um ano e oito meses. Engravidei quatro meses após a cirurgia. Hoje não tenho mais sintomas da endometrio­se”, conta. Kelly tem hoje dois filhos.

A cirurgia de remoção de focos da endometrio­se é um procedimen­to caro, uma média de R$ 25 mil. Kelly explica que a ideia do grupo, e também da Endomarcha, é a reivindica­ção para que “o SUS atenda de forma mais global e efetiva” as mulheres que, como Fabíola, precisam da operação.

(I.F.) As mulheres precisam de apoio, não só pelas dores físicas, mas, pelas “dores da alma”

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