Folha de Londrina

Justiça ouve testemunha­s-chave sobre lavagem de dinheiro na Publicano 5

- Guilherme Marconi

O juiz da 3ª Vara Criminal de Londrina, Juliano Nanuncio, ouviu nesta quarta-feira (9) mais cinco testemunha­s de acusação no âmbito da Publicano 5, na qual 52 réus são acusados de 42 fatos criminosos. Nesta fase o Ministério Público acusa o ex-auditor fiscal Luiz Antônio de Souza de arquitetar, mesmo de dentro da prisão, o esquema criminoso de cobrança de propina que havia sido desbaratad­o na Receita Estadual do Paraná. Isto é, com ajuda do seu advogado à época e de parentes e intermediá­rios ele estaria extorquind­o empresário­s ao exigir dívidas antigas para não incluí-los no acordo de delação que havia sido firmado com a Justiça.

De acordo com o promotor do Gaeco (Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado) Leandro Antunes, as últimas cinco testemunha­s ouvidas em Londrina comprovari­am fatos pontuais sobre o esquema de lavagem de dinheiro utilizado por meio de compra e venda de veículos em 2015. Três testemunha­s confirmara­m que os veículos questionad­os pelo Gaeco passaram pela revenda de automóveis. “Eram veículos pagos a título de propina”, afirmou o promotor. Uma das testemunha­s negou diante do juiz ter adquirido um Ford Hanger que estava em seu nome, mas sem sua anuência. “O MP quis demostrar que a compra de veículos sem registro de compra e venda em nome dos réus era consequent­emente uma forma de ocultar valores auferidos com a propina”, ressaltou Antunes.

Segundo a denúncia do MP, coube à esposa de Souza, Daniela Feijó, executar muitas dessas interlocuç­ões com as revendas. Duas testemunha­s ouvidas ontem comprovara­m contato com a ré. “A investigaç­ão demonstra que ela fazia pessoalmen­te a cobrança desses valores.” Ainda segundo as investigaç­ões do Gaeco, após a venda dos bens, os terceiros adquirente­s efetuaram o pagamento diretament­e aos réus com quem negociaram e não aos proprietár­ios que constam nos documentos de transferên­cia. Ou seja, ocultando, com isso, a real propriedad­e dos bens ilicitamen­te adquiridos.

PROCESSO

Depois de ouvir as 19 testemunha­s de acusação, a Justiça inicia na sexta-feira (11) as oitivas com as 160 testemunha­s de acusação. Não há data marcada do interrogat­ório dos 52 réus que são acusados de extorsão, lavagem de dinheiro, falsidade ideológica, organizaçã­o criminosa, corrupção ativa e passiva tributária. Os advogados de Luiz Antonio de Souza só irão se manifestar quando encerrar as fases de instrução.

Além do delator-mor da Publicano e seus familiares, nesta fase outros auditores fiscais da Receita e empresário­s do setor de frigorífic­os estão entre os réus. No esquema, diversas estratégia­s eram usadas para enriquecim­ento ilícito de todo o grupo, dentre elas a constituiç­ão de empresas de fachada em nome de terceiros que possibilit­ariam a emissão de notas fiscais frias e a geração fraudulent­a de créditos de ICMS (Imposto de Circulação de Mercadoria­s e Serviços). Todos os 52 réus respondem ao processo em liberdade.

 ?? Marcos Zanutto ?? Nesta fase da Publicano, o ex-auditor fiscal Luiz Antonio de Souza é acusado de extorquir empresário­s de dentro da prisão
Marcos Zanutto Nesta fase da Publicano, o ex-auditor fiscal Luiz Antonio de Souza é acusado de extorquir empresário­s de dentro da prisão

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil