AVENIDA PARANÁ
Ministério do Trabalho concedeu 25 mil autorizações a cidadãos de outros países em 2017
De repente, A. parou de sorrir, cantar e fazer piadas de manhã.
Em 2017, mais de 25 mil autorizações de trabalho foram concedidas a estrangeiros pelo Ministério do Trabalho. Foram 24.294 autorizações temporárias e 1.006 permanentes. Os dados fazem parte do Relatório Anual elaborado pelo OBMigra (Observatório das Migrações Internacionais), da UnB (Universidade de Brasília), que também permite desenhar um perfil desses imigrantes. Segundo o relatório, a maioria dos estrangeiros que solicitou a autorização era homens, com nível superior completo. A eles foram concedidas mais de 22 mil autorizações, enquanto apenas três mil mulheres obtiveram o documento.
Das 25 mil autorizações expedidas no ano passado, mais de dez mil foram solicitadas por pessoas entre 35 e 49 anos de idade e mais de nove mil por estrangeiros na faixa etária de 20 a 34 anos.
Os estados que mais emitiram autorizações foram o Rio de Janeiro e São Paulo, com cerca de 11 mil e dez mil documentos, respectivamente. A maioria dos imigrantes que deram entrada no pedido de autorização era dos Estados Unidos, Filipinas e Reino Unido.
Os haitianos ficam mais abaixo na lista, mas o OBMigra considera esse povo o caso mais significativo porque a participação deles no mercado formal tem aumentado ano a ano. Embora o volume de venezuelanos ainda não seja grande, o ingresso deles em solo brasileiro também começa a crescer, especialmente em Roraima.
Nas cidades vizinhas a Londrina, os dados mais recentes disponíveis, de 31 de dezembro de 2016, contabilizam 780 estrangeiros com emprego formal de trabalho, segundo a Rais (Relatório Anual de Informações Sociais). Entre eles, 239 eram haitianos. As outras principais nacionalidades eram portuguesa (42), japonesa (38), paraguaia (31), argentina (31), colombiana (23) e bengalesa (19).
“O perfil da migração mudou e essa mudança está associada à própria Lei da Migração. A lei anterior só permitia a entrada para trabalhar se já tivesse vínculo empregatício, por isso vinham pessoas do norte global, de países desenvolvidos, com investimento no Brasil. No final da década passada, a lei foi flexibilizada”, explicou o coordenador de Estatísticas do OBMigra, Tadeu de Oliveira.
A presença dos haitianos, segundo Oliveira, cresceu com a concessão de vistos humanitários, que permitiram a entrada deles no Brasil. “Algumas nacionalidades africanas começaram a usar essa estratégia dos haitianos (visto humanitário). O Brasil não tem muita tradição de deportar e isso reconfigurou o mercado de trabalho nacional”, analisou o coordenador do OBMigra. “A mão de obra africana é um pouco menos qualificada do que a haitiana, mas eles são subutilizados. Poderiam estar inseridos em ocupações mais qualificadas. A língua é uma barreira e também tem a questão da exploração. Pela necessidade, acabam aceitando qualquer trabalho. E tem também a dificuldade de validação do diploma.”