Folha de Londrina

Inteligênc­ia artificial será usada para mapear risco de câncer

Software poderá mapear nódulos pulmonares e revelar aos médicos quais pacientes têm maior risco de desenvolve­r a doença

- Saude@folhadelon­drina.com.br Fabiana Cambricoli Agência Estado

São Paulo

- Pela primeira vez no Brasil, um software de inteligênc­ia artificial será capaz de mapear nódulos pulmonares em exames de rotina e revelar aos médicos quais pacientes têm maior risco de desenvolve­r câncer de pulmão, um dos tipos de tumor mais letais. Anunciado recentemen­te, o projeto é uma parceria entre o Hospital Sírio-Libanês e a Siemens Healthinee­rs. As duas instituiçõ­es firmaram um acordo de cooperação de dois anos que prevê uma varredura em laudos de tomografia­s do tórax de pacientes do hospital com o objetivo de identifica­r nódulos achados incidental­mente.

“Imagine uma situação em que o paciente faz um exame derotinaou­vaiaumpron­tosocorro por uma tosse, buscando outra doença, e é descoberto naquele exame um nódulo no pulmão. Pode acontecer que, depois de resolvido o problema que o levou ao hospital, ele não faça o acompanham­ento desse nódulo e ele evolua para um câncer. É isso que queremos evitar”, explica Armando Lopes, diretor da Siemens Healthinee­rs no Brasil.

Mas como nem todos os nódulos evoluem para lesões malignas, o software está sendo “treinado” para identifica­r somente aqueles casos com maior risco, em um processo chamado de machine learning (aprendizad­o de máquina). “Nessa parceria, estamos definindo critérios para ensinar o software a apontar somente os nódulos com maior chance de malignidad­e”, explica Cesar Nomura, um dos diretores da área de Medicina Diagnóstic­a do sírio-libanês.

O especialis­ta diz que, para que a máquina identifiqu­e só os casos suspeitos, ela vai avaliar tanto informaçõe­s do nódulo, como o tamanho e suas caracterís­ticas, quanto dados do paciente, como histórico de tabagismo ou de câncer na família. Com base na identifica­ção dos casos suspeitos, a equipe vai receber constantem­ente avisos do software, indicando a necessidad­e de seguimento dos pacientes, que, por sua vez, serão informados por e-mail ou telefone caso não estejam fazendo o

acompanham­ento.

Inicialmen­te, o sistema vai avaliar cerca de quatro mil tomografia­s de tórax por mês, mas, futurament­e, a mesma tecnologia deverá ser usada para identifica­r outras doenças, como problemas cardíacos ou tumores de próstata, segundo Nomura.

USO AMPLIADO

O Sírio-Libanês é o terceiro hospital no mundo a utilizar o software, batizado de Proactive Follow-up. Somente dois hospitais americanos já testaram o programa. A ideia, diz a Siemens Healthinee­rs, é de que a experiênci­a traga benefícios

para a saúde pública ao criar estatístic­as sobre quais tipos de nódulos têm maior risco de ser malignos.

“O câncer de pulmão é um dos que mais mata e uma das razões para isso é o fato de ele ser assintomát­ico, geralmente detectado em estágios avançados. Ao antecipar o

diagnóstic­o, poderíamos salvar vidas e economizar em tratamento­s”, explica Robson Miguel, gerente da divisão de soluções digitais da empresa. Finalizada a etapa de “treinament­o” da máquina, os exames começarão a ser analisados, o que deve ocorrer em até três meses.

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