LUIZ GERALDO MAZZA
Corrupção é tema apropriado para campanha, desde que quem a promova não esteja sob risco de enquadramento.
Dias depois da demissão de Deonilson Roldo, em reunião do secretariado ontem pela manhã, a governadora Cida Borghetti declarou tolerância zero com a corrupção e destacou o papel que caberá à Divisão, recém criada, na polícia civil. Apesar da veemente defesa do acusado, não prevaleceu em seu favor sequer o benefício da dúvida, o mesmo trato que Beto Richa e sua equipe deram a Nelson Leal Júnior, diretor do Departamento de Estradas de Rodagem, quando de sua prisão, fulminantemente demitido que foi quando seu chefe imediato era o irmão mais velho do governador, Pepe.
Se essa disposição era anterior a essas ocorrências, principalmente as que botam Beto Richa sob investigação judicial e ainda por cima a deslocaram para Sergio Moro, o fato ocorrido com um hierarca menor, formalmente desmentido pelo governador e pela Copel no acerto com aquele empresário que seria diplomaticamente deixado de lado para que a obra ficasse com a Odebrecht, mas com a promessa de uma compensação, e isso dias depois da sentença final que vem desde o governo Lerner do caso dos tais créditos da Olvepar e que revelaram vulnerável a nossa estatal a exotismos políticos e financeiros, entre os quais o de acumular a pasta da Fazenda com a presidência da joia da coroa .
O governador, como Lula, não sabia de nada o que ocorria a seu redor e agora entrega Deonilson às feras, da mesma forma que agiu em relação ao seu diretor do DER, correndo o risco de uma delação premiada (como ainda há outra, a do Maurício Fanini, no chuncho dos desvios escolares da “Quadro Negro”).
O combate à corrupção vai ser para valer? Então a Divisão criada tem uma pauta cheia no Gaeco com a “Publicano”, aquela da quadrilha fiscal com gente já condenada a mais de 90 anos como o amigo automobilista e copiloto do governador Márcio Albuquerque Lima, a “Valdemort” que pega o primo Luis Abi, cada vez mais distante, também sentenciado em primeira instância e, é claro, o denso material da “Quadro Negro”. É prato cheio para mais de um governo, inclusive o imaginado e razoavelmente buscado da reeleição.