Vazamento de áudios é assunto também na AL
Deputados de oposição criticam governo por supostas irregularidades na obra de duplicação da PR-323
O vazamento de áudios que sugerem favorecimento à Odebrecht na licitação para duplicação da PR-323 foi o assunto da sessão de ontem na AL (Assembleia Legislativa) do Paraná. Membros da bancada de oposição à governadora Cida Borghetti (PP), que substituiu Beto Richa (PSDB) na chefia do Palácio Iguaçu, subiram à tribuna para criticar o governo e pedir explicações. Nas conversas, divulgadas pela revista IstoÉ, o então chefe de gabinete do exgovernador, Deonilson Roldo, tenta convencer o diretor-executivo da Contern, Pedro Rache, a deixar de participar do pregão, como forma de beneficiar a construtora.
Para Requião Filho (PMDB), o ex-chefe de gabinete, exonerado na última sexta-feira (11) por Cida, só foi demitido porque “a casa caiu”. “Se não tivessem vazado o áudio, ele teria permanecido, porque a ideologia do governo Cida é a mesma do Richa (…) Por que nós somos oposição? Por que não gostávamos do bronzeado do governador? Não! Porque
Curitiba -
não gostávamos do jeito dele fazer política. Por que tivemos tantos embates nesta Casa? Por que não tenho carinho e admiração por vossas excelências? Não! Porque os senhores, infelizmente, estavam sendo ludibriados por um governo manipulador e chantagista, que ameaçava o mandato dos senhores com cortes de verbas, cortes de favores e perseguição”, discursou.
O peemedebista pediu aos colegas da base aliada e da bancada independente que revejam seus posicionamentos. “Não sou eu quem vai ensinar vocês a fazer oposição. Mas saibam que todo o Paraná ficará agradecido se esta Casa começar agora a combater a corrupção”. O petista Tadeu Veneri também fez cobranças. “Já havíamos dito aqui na Assembleia. Alguns deputados já haviam inclusive levantado suspeitas sobre o valor não só da duplicação, de R$ 7 bilhões, mas sobre a forma como seria feito o pedágio (…) Esse governo de santo não tem nada, e apesar de sempre se fazer de santo. O governador – a quem nós entendemos que deva ser dado todo o direito de defesa até o terceiro grau – fica com essa conversa de que não sabia e nem autorizou. Ora, ele tem de cair no mundo real”.
O presidente da Assembleia, Ademar Traiano (PSDB), que é vice-presidente do PSDB estadual, por outro lado, condenou o que disse ter se tornado uma prática comum no Brasil. “Lamento que muitas vezes enxovalhem as imagens das pessoas e depois não cheguem a lugar algum. Eu não posso fazer leitura de nada, até porque não conheço o tema. Mas acho que é chegado o momento de ter cautela em tudo aquilo que se procura insinuar ou em responsabilizar homens púbicos”, comentou.
“Aliás, o ministro [do Supremo] Gilmar Mendes tem sido muito eficiente em relação a isso. Podem falar o que quiserem, mas é um homem de um domínio jurídico espetacular e que tem dado manifestações nos exageros e excessos que vêm cometendo o Ministério Público em relação a determinados temas no Brasil”. Richa alega desconhecer o encontro, enquanto Roldo garante não ter cometido qualquer irregularidade.