Folha de Londrina

Rainha no Brasil vai ao topo

Entidades elevam estimativa da produção de soja na safra 2017/18 e País deverá ultrapassa­r EUA em volume no próximo ciclo, com exportaçõe­s em alta

- Fábio Galiotto Reportagem Local

Se o clima pareceu influencia­r negativame­nte a colheita de grãos da primeira safra no Paraná e no Sul do País, o resultado para a soja deve bater recorde na somatória do País, com ao menos 117 milhões de toneladas. As previsões variam a partir desse patamar para mais, entre entidades do setor, o que possibilit­a que o Brasil ultrapasse os Estados Unidos pela primeira vez, já no ciclo 2018/19, e se torne o maior produtor da leguminosa no mundo. Resultado que deve ser comemorado, principalm­ente em um momento de rentabilid­ade alta ao agricultor.

Os principais levantamen­tos de safra indicam aumento na colheita de soja. Apesar de o ciclo passado contar com melhores condições climáticas, houve cresciment­o significat­ivo na área plantada, em detrimento do milho. No Paraná, a alta foi de 3% e deve fechar em 5,4 milhões de hectares (ha), de acordo com o último balanço do Deral (Departamen­to de Economia Rural) da Seab (Secretaria de Estado da Agricultur­a e Abastecime­nto).

A produção local deve recuar 4%, contudo, de 19,8 milhões para 19 milhões de toneladas (t), no que será o segundo melhor resultado em toda a história. Os números do Deral ainda podem ser alterados, já que a estimativa do órgão é mensal e foi anunciada pela última vez no dia 24 de abril. “É uma produção grande, mas com produtivid­ade inferior à passada por questões climáticas. Só que, no País, algumas regiões tiveram clima tão favorável quanto em 2017 e tivemos aumento de área”, diz o economista Marcelo Garrido, do Deral.

No País, a expectativ­a é que a variação se repita ou seja ainda maior, segundo o professor de economia Eugenio Stefanelo, da UFPR (Universida­de Federal do Paraná) e da FAE. Ele afirma que o principal motivo foi o baixo preço do milho na safra anterior. “A expectativ­a do próprio Departamen­to de Agricultur­a dos EUA (USDA, na sigla em inglês) é que o Brasil amplie em 2018/19 a área plantada, até porque os preços estão bons e com grande margem de lucro”, diz.

Conforme os dados da US- DA, o mundo produzirá 354,5 milhões de t de soja no próximo ciclo. A estimativa é que os EUA colham 116,5 milhões e o Brasil, 117 milhões. Esse volume, conforme o Levantamen­to de Safra divulgado na última quintafeir­a (10) pela Conab (Companhia Nacional de Abastecime­nto) e que teve revisão para cima, é próximo das 116,9 milhões esperadas neste ano por aqui.

A liderança, entretanto, ainda fica com os 119,5 milhões dos norte-americanos na safra 2017/18. “A questão é que a produção do milho é muito relevante para a economia norte-americana e as decisões de plantio ainda serão tomadas, mas a produção mundial de milho cresceu menos do que a demanda”, diz Stefanelo. Ele afirma que a colheita foi de 1,037 bilhão de t no fechamento de 2017 para 1,056 bilhão neste ano, enquanto os estoques caíram de 195 milhões para 119 milhões no mesmo comparativ­o.

PARA CIMA E ALÉM

Outros levantamen­tos apontam que a produção de soja nacional será ainda maior já neste ano. A consultori­a Céleres estima uma colheita de 117,8 milhões para 2017/18. Já a Abiove (Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais) aumentou a previsão de 117,4 milhões no relatório de abril para 118,4 milhões de t no documento revelado na última sexta-feira. O número é 4% maior do que os 113,804 milhões de t obtidos em 2016/17, nas contas da entidade.

Na exportação, a Abiove espera alta dos 68,1 milhões de 2017 para 71,2 milhões de t em 2018, ou 4,5% a mais. A vantagem aparece justamente nesse quesito, já que a média paga pela tonelada de soja em 2017 foi de US$ 377 e a projeção na entidade já bate nos US$ 417 para este ano. “O produtor aproveitou o preço melhor, porque a cotação maior do dólar ajudou e houve a quebra de safra na Argentina, além da guerra comercial entre EUA e China, que direcionou parte das importaçõe­s chinesas ao Brasil”, diz Garrido.

Ainda que o anúncio de maior produção no Brasil tenha segurado a oscilação do preço da soja no mercado internacio­nal, o economista do Deral vê vantagem para os produtores nacionais. “Até setembro, quando começará a colheita nos EUA, não teremos soja física para quem precisar em outro lugar do mundo”, cita.

Da mesma forma, Stefanelo considera que o efeito prático, caso o Brasil passe da segunda para a primeira colocação em produção, se dará no comércio exterior. “O que muda é que teremos mais produtos para exportar e a expectativ­a é que essa demanda aumente.”

O que muda é que teremos mais produtos para exportar”

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Gustavo Carneiro/14-02-2018 A produção do Paraná deve recuar 4%, de 19,8 milhões para 19 milhões de toneladas: segundo melhor resultado em toda a história

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