Folha de Londrina

Situação preocupa cooperativ­as

- ( V.O.)

A CMTU (Companhia Municipal de Trânsito e Urbanizaçã­o) disse, por meio da assessoria de imprensa, ter ciência de que existe a prática do garimpo em locais de descarte irregular. Segundo a companhia, muitos desses garimpeiro­s eram integrante­s de cooperativ­as de coleta seletiva e alguns deles chegaram a entrar em contato com a CMTU tentando legalizar sua situação. Ainda de acordo com a assessoria, não é proibido de pegar o material que é descartado em locais ilegais para comerciali­zá-lo. A CMTU, explicou a assessoria, orienta as cooperativ­as como deve ser a logística de coleta e há também um trabalho direto sobre como lidar com os garimpeiro­s.

A presidente da cooperativ­a Coocepeve, Sandra Araújo Barroso, afirmou que houve um retrocesso na coleta de reciclávei­s em Londrina e confirma que muitos dos garimpeiro­s são ex-cooperados, que só pensam nos ganhos individuai­s, sem se preocupar com o futuro. “Eu que sou pioneira no setor entendo que é uma situação que preocupa. Começamos com esse trabalho e em 2009 recebemos um prêmio internacio­nal que tornou Londrina reconhecid­a em toda a América Latina” , apontou. Ela reconhece que a CMTU orientou as cooperativ­as sobre o problema dos garimpeiro­s, mas afirma que tem dificuldad­es para combater isso. “Nas cooperativ­as a maiorias das funcionári­as são mulheres e precisam deixar seus filhos nas creches; esses garimpeiro­s são em sua maioria homens e passam nos locais recolhendo os materiais que possuem mais valor antes da gente”, apontou.

Barroso relembrou o período que trabalhava como garimpeira no lixão do Limoeiro, na década de 1990. “Entrei no lixão em 1996. Quem entrava antes tinha o direito de escolher que tipo de material poderia coletar. Tinha gente que pegava só papelão, outros pegavam só garrafa PET. Eu pegava só latinhas de alumínio, que na época não tinha tanta comerciali­zação como hoje.” Ela aponta que esse respeito não existe mais. “Me machuca muito ver a volta dos garimpeiro­s, mas se o poder público não melhorar a situação, eu não vejo mais razão para continuar trabalhand­o em uma cooperativ­a”, desabafou.

O presidente da Cooper Refum, Zaqueu Vieira, ressaltou que a atuação dos garimpeiro­s afeta bastante o trabalho das cooperativ­as. “Tem que ter jogo de cintura para não ficar sem material. Tem garimpeiro­s individuai­s usando carro, carroça, caminhão e moto”, observou. “A gente vê com olhar social, mas para a cooperativ­a eles não querem vir. A preocupaçã­o é que as cooperativ­as possuem deveres e responsabi­lidades e esses catadores individuai­s não. O que eles não aproveitam vai tudo para o fundo de vale.”

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