Folha de Londrina

Ajuda ao próximo com produtos descartado­s

- (V.O.)

A dona de casa Neusa Alves Conceição, 65, viu uma oportunida­de de ajudar o próximo nos produtos descartado­s no local conhecido como Morro do Carrapato (zona leste de Londrina). Ela coleta principalm­ente roupas, que são doadas para as mais necessitad­as. “Eu lavo tudo, uso um amaciante bem cheirosinh­o, passo e se encontro alguém que precisa de roupas, entrego”, revelou. “Tem cada calça boa que acho ali. Às vezes vem com cheiro forte, mas depois de lavar fica muito cheirosinh­a”, destacou.

Ela conta que é possível encontrar roupas para mulheres e homens e de modelagens adultas ou infantis. Além das roupas, ela também já coletou armários e colchões. “Muitas vezes o colchão está rasgado. Eu arranco o tecido, coloco o colchão no sol, jogo álcool e coloco uma capa nova que eu mesma costuro usando lençóis velhos”, explicou.

Outros objetos que ela coleta para distribuir para pessoas carentes são utensílios de cozinha, como colheres e panelas. “Jogam muita coisa boa. Dá satisfação fazer esse trabalho. É um favor que faço para os outros”, resumiu, dizendo que não é ligada a trabalho social promovido por alguma igreja.

Vez ou outra Conceição encontra latas de alumínio que recolhe para ajudar os netos. “Muitas vezes eles precisam de dinheiro para remendar pneus de bicicleta ou para comprar material escolar”, justificou. Mas conta que é preciso paciência, porque elas são escassas. “É preciso juntar as latinhas por seis ou sete meses para poder revender, porque são poucas as que encontro aqui”, lamentou.

REFORMA

O lavrador aposentado João Passarinho, 77, percorre os pontos de descarte ilegal de entulhos nas ruas Guilherme Branco Neto e Antônio Batistela, no jardim Lago Norte (zona norte de Londrina), pelo menos três vezes ao dia em busca de alguma material que possa lhe render algum dinheiro ou que sirva na reforma de sua casa. “Consegui me aposentar por idade com 65 anos. Hoje vendo alumínio a R$ 3 por quilo, mas preciso de 68 latinhas para dar um quilo. O problema é que demora muito para juntar essa quantidade”, apontou.

Passarinho relata que muita coisa boa é desperdiça­da no local. “Uma vez um caminhonei­ro jogou uma cozinha de caminhão. Estava completa, tinha panela de pressão, caçarola, faca. Eu fiquei contente. Eu usei as panelas até pouco tempo atrás, mas agora comprei outras”, observou, dizendo que sempre encontra algo útil. “Pego bastante madeira, porque eu tenho fogão a lenha que uso para economizar gás. Eu faço o feijão nele e fica muito bom”, apontou.

Quando a reportagem o encontrou ele estava com canos de PVC na mão, que foram descartado­s em meio a muitos entulhos de construção civil. “Olha, isso aqui dá para aproveitar em uma reforma que vou fazer na minha casa. Já achei aqui desempenad­eira, canos, colher de pedreiro e saco de cimento.” Isso aqui dá para aproveitar em uma reforma que vou fazer na minha casa”

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil