LUIZ GERALDO MAZZA
Pessoal de marketing ousou comparar os 50 anos em cinco de JK com os dois anos de Temer.
O pessoal de marketing é capaz de tudo e ousou fazer a comparação entre os 50 anos em cinco de JK com os dois anos do Michel Temer, sugerindo que o feito de agora é de um mínimo de 20 anos. Só que o texto era assim: “O Brasil voltou, 20 anos em dois”. O que fizeram os críticos?: tiraram a vírgula, o que deu a entender que o país perdeu duas décadas em apenas dois anos.
Um saque parecido se deu aqui no pleito de 1982. A propaganda oficial, nos outdoors, expunha o impasse: Saul Raiz ou um salto no escuro? A turma do José Richa, que está longe de confundir-se com o rebento, foi lá e botou uma vírgula, ficando assim: Saul Raiz, um salto no escuro. Mas havia uma relativa sofisticação na referência ao escuro num quadro em que o usuário está no banheiro e acaba a energia, a luz apaga. Novamente a Copel como referência de sua indestrutível aliança com o governo. Por sinal que a primeira batalha ideológica, logo que instalado o governo, foi em cima das especificações técnicas para a eletrificação rural com um tedioso debate em torno de postes de madeira, o que levou os fornecedores do material de concreto, com receio de perder a escala do negócio, a reduzirem drasticamente seus custos e permitir que o maior programa da especialidade fosse implantado, e com ele o destaque a uma linha doutrinária, a da tecnologia alternativa. Que saudades, um tempo em que havia ideia e que pensar não tinha conotações pouco republicanas.
Nossos políticos são bem melhores do que quando submetidos à terapia marqueteira. Quando se impressionaram com o enriquecimento rápido do Lulinha, o que disse o pai: que posso fazer se meu filho é um Ronaldinho do computador? O coronel Paraguaçu, ao natural, bem próximo de Macunaíma, dispensa criatividade.