Plantando na tempestade
“A minha história, se você fosse inventá-la, não seria digna de crédito, de tão absurda que é”, disse Herbert Bartz ao jornalista e escritor londrinense Wilhan Santin. Quem lê “O Brasil Possível”, biografia de Bartz escrita por Santin, chega à conclusão de que a frase do legendário produtor rural não é exagerada. Este cronista de sete leitores leu, emocionou-se e recomenda.
Pioneiro do Sistema de Plantio Direto (SPD) no Brasil, Bartz, hoje com 81 anos, teve uma vida digna de romance. E encontrou em Santin o narrador ideal para sua saga, repleta de passagens surpreendentes. Tem até uma tarde na prisão depois de atropelar uma sucuri!
Nascido no Brasil e criado da Alemanha, Herbert Bartz voltou para a terra natal em 1961, aos 24 anos, para se dedicar ao trabalho no campo. O mais importante cenário de sua história é a Fazenda Rhenânia, em Rolândia, onde há 46 anos ele implantou, contra o ceticismo de quase todos, um inovador sistema de plantio direto na palha, sem revolvimento do solo e com rotação de culturas, que viria a revolucionar o agronegócio brasileiro.
O percurso de vida não foi dos mais fáceis, nem dos menos turbulentos. Completou oito anos de idade em Dresden, cidade alemã que na véspera sofrera um dos mais devastadores bombardeios de todos os tempos, com saldo oficial de 39,7 mil mortos. Preso em um porão a 80 graus de temperatura, foi salvo por um triz, graças à generosidade de algumas pessoas que jogavam água nas crianças.
Em Rolândia, criou um grupo de ginástica artística e, para surpresa de todos, não plantou café, optando por outras culturas. Depois de passar a noite no campo observando os estragos de uma tempestade, decidiu buscar no exterior uma solução para combater o maior inimigo do solo agricultável: a erosão.
Nos clássicos da literatura, a tempestade sempre anuncia grandes mudanças. E assim foi. Depois de