Em apenas uma semana houve um aumento de 5% de casos de dengue.
Nos idos de 1964, a Redentora se dizia voltada para duas coisas: o combate à subversão como prioridade, e em segundo, e isso não levado muito a sério, à corrupção. Com o deflagrar da Lava Jato percebeu-se como os anos de chumbo foram equivocados, pois a mais forte expressão da impunidade, o maior dos males brasileiros, estava na corrupção, àquele tempo praticada em escala até tolerável. Tanto que quem mais agitava a bandeira era a UDN, União Democrática Nacional, como no caso de possíveis manobras sobre produtos importados, uma das que se arguiram contra Getúlio Vargas e que levaram o processo ao arquivamento.
O caráter superficial e formal dessas formas de desvio levou ainda agora à rememoração do udenismo como se as descobertas de hoje fossem similares àquelas, o que não tem o menor sentido. E isso só foi possível com o instituto da delação premiada como forma de mexer no covil e induzir a denúncias. Classe política e advogados criminalistas se uniram (como se viu agora na reação da bancada parlamentar em defesa do ex-governador Beto Richa, repetindo os mesmos argumentos dos petistas em favor de Lula) para tentar desmoralizar o instituto adotado por países de melhor tradição civilizatória do que a nossa.
O fato é que no regime militar, como se observa até hoje, o timbre de subversivo tem certa dimensão heroica: já o de corrupto gruda como se vê em exemplos clássicos como os de Adhemar de Barros (rouba, mas faz), êmulo do Paulo Maluf. Como dizer algo em defesa de Sergio Cabral, Eduardo Cunha, troféus da Lava Jato? E assim será com outros que terão como aqueles o mais amplo exercício de defesa, inclusive depois de condenados e presos, como se dá claramente com Lula e a fidelidade dos acampados.
No regime castrense e castrante havia a tortura para arrancar informações e vimos agora que a delação negociada, centrada no utilitarismo das conveniências de parte a parte, é no mínimo um ganho civilizatório, ainda que ponha em xeque os demiurgos criminalistas, aqueles que sempre aparentam tudo resolver e que se mostram despreparados para esse novo ciclo não, com as denúncias em si e sim com o aparato probatório que as acompanha.
Pelo telefone
O telefone já foi o tema do primeiro samba (meio maxixe) de Donga, e agora o nosso Instituto de Previdência, o INSS, quer empregá-lo para atender demandas de auxílio maternidade e aposentadoria como opção ao atendimento presencial. Até agora todo o sistema público centrado em telefone, excetuando-se alguns, não funciona. Soa quixotesco. Dá para imaginar a sobrecarga quando se sabe da delonga em que implica, via burocrática, essa linha de serviços. É pelo fone 135, mas o acesso pode ser pela internet, o que já é avanço maior.
Dívida ativa
O que se deu com o governo estadual vai se repetir com o município da Capital: do total de 230 mil processos da Dívida Ativa apenas 16% desse contingente vale a pena tocar para que não implique em prejuízo, isso é, não seja antieconômico. O pior é que quem fica com cara de palhaço é o contribuinte que pagou tudo direitinho. Cobrança desse tipo de tributo pode também ter sequelas sociais perversas no caso das cobráveis, se implicar em fechamento de empresas e perda de empregos. Urge melhor estruturar aparatos fiscais para evitar esse tipo de paradoxo em que é mais caro receber do que dispensar.
Dá-lhe, rapa
Voltado para combater ambulantes irregulares, o sistema de fiscalização urbana (o rapa) até que funciona: de janeiro a abril, só neste exercício foram apreendidos nada menos do que 30.430 produtos piratas na Capital.
Riscos
O Ministério Público Federal acaba de denunciar Joesley Batista e Francisco de Assis, da JBS, por corrupção e lavagem de dinheiro, ignorando o acordo de delação premiada assinado há um ano e não rompido oficialmente pelo STF. Incidentes do gênero como aquele outro quanto à atribuição para receber delações entre procuradores e delegados de polícia podem ameaçar a integridade do sistema. Curiosamente, a JBS S.A. e a JBS USA tiveram suas notas de classificação de risco elevadas de B para B+, um dia depois de anunciar novo acordo com bancos credores para renegociar boa parte de sua dívida por três anos.
Dengue
Em apenas uma semana houve um aumento de 5% de casos de dengue. Em Paranaguá, o surto anterior gerou um clima de paranoia, tantas as ocorrências.
Reação
50,2% dos eleitores não votariam no PT para deputado federal, para o MDB quase um empate com 49,5%, e do PSDB, 46,2%. São peças da última sondagem da Paraná Pesquisas, com 2.002 consultados em todo o país. Outro detalhe: 91% dos atingidos pela Lava Jato concorrem às eleições, de 55 envolvidos, 50 fazem o teste.
Folclore
É fácil testar feitos de marqueteiros. O presidente Michel Temer, colocado com desempenho superior aos dos 50 anos em cinco de JK, já que teria avançado 20 anos em apenas dois, poderia sair às ruas para ver como está o seu Ibope real. Protegido, é claro.