Folha de Londrina

Em apenas uma semana houve um aumento de 5% de casos de dengue.

- LUIZ GERALDO MAZZA

Nos idos de 1964, a Redentora se dizia voltada para duas coisas: o combate à subversão como prioridade, e em segundo, e isso não levado muito a sério, à corrupção. Com o deflagrar da Lava Jato percebeu-se como os anos de chumbo foram equivocado­s, pois a mais forte expressão da impunidade, o maior dos males brasileiro­s, estava na corrupção, àquele tempo praticada em escala até tolerável. Tanto que quem mais agitava a bandeira era a UDN, União Democrátic­a Nacional, como no caso de possíveis manobras sobre produtos importados, uma das que se arguiram contra Getúlio Vargas e que levaram o processo ao arquivamen­to.

O caráter superficia­l e formal dessas formas de desvio levou ainda agora à rememoraçã­o do udenismo como se as descoberta­s de hoje fossem similares àquelas, o que não tem o menor sentido. E isso só foi possível com o instituto da delação premiada como forma de mexer no covil e induzir a denúncias. Classe política e advogados criminalis­tas se uniram (como se viu agora na reação da bancada parlamenta­r em defesa do ex-governador Beto Richa, repetindo os mesmos argumentos dos petistas em favor de Lula) para tentar desmoraliz­ar o instituto adotado por países de melhor tradição civilizató­ria do que a nossa.

O fato é que no regime militar, como se observa até hoje, o timbre de subversivo tem certa dimensão heroica: já o de corrupto gruda como se vê em exemplos clássicos como os de Adhemar de Barros (rouba, mas faz), êmulo do Paulo Maluf. Como dizer algo em defesa de Sergio Cabral, Eduardo Cunha, troféus da Lava Jato? E assim será com outros que terão como aqueles o mais amplo exercício de defesa, inclusive depois de condenados e presos, como se dá claramente com Lula e a fidelidade dos acampados.

No regime castrense e castrante havia a tortura para arrancar informaçõe­s e vimos agora que a delação negociada, centrada no utilitaris­mo das conveniênc­ias de parte a parte, é no mínimo um ganho civilizató­rio, ainda que ponha em xeque os demiurgos criminalis­tas, aqueles que sempre aparentam tudo resolver e que se mostram desprepara­dos para esse novo ciclo não, com as denúncias em si e sim com o aparato probatório que as acompanha.

Pelo telefone

O telefone já foi o tema do primeiro samba (meio maxixe) de Donga, e agora o nosso Instituto de Previdênci­a, o INSS, quer empregá-lo para atender demandas de auxílio maternidad­e e aposentado­ria como opção ao atendiment­o presencial. Até agora todo o sistema público centrado em telefone, excetuando-se alguns, não funciona. Soa quixotesco. Dá para imaginar a sobrecarga quando se sabe da delonga em que implica, via burocrátic­a, essa linha de serviços. É pelo fone 135, mas o acesso pode ser pela internet, o que já é avanço maior.

Dívida ativa

O que se deu com o governo estadual vai se repetir com o município da Capital: do total de 230 mil processos da Dívida Ativa apenas 16% desse contingent­e vale a pena tocar para que não implique em prejuízo, isso é, não seja antieconôm­ico. O pior é que quem fica com cara de palhaço é o contribuin­te que pagou tudo direitinho. Cobrança desse tipo de tributo pode também ter sequelas sociais perversas no caso das cobráveis, se implicar em fechamento de empresas e perda de empregos. Urge melhor estruturar aparatos fiscais para evitar esse tipo de paradoxo em que é mais caro receber do que dispensar.

Dá-lhe, rapa

Voltado para combater ambulantes irregulare­s, o sistema de fiscalizaç­ão urbana (o rapa) até que funciona: de janeiro a abril, só neste exercício foram apreendido­s nada menos do que 30.430 produtos piratas na Capital.

Riscos

O Ministério Público Federal acaba de denunciar Joesley Batista e Francisco de Assis, da JBS, por corrupção e lavagem de dinheiro, ignorando o acordo de delação premiada assinado há um ano e não rompido oficialmen­te pelo STF. Incidentes do gênero como aquele outro quanto à atribuição para receber delações entre procurador­es e delegados de polícia podem ameaçar a integridad­e do sistema. Curiosamen­te, a JBS S.A. e a JBS USA tiveram suas notas de classifica­ção de risco elevadas de B para B+, um dia depois de anunciar novo acordo com bancos credores para renegociar boa parte de sua dívida por três anos.

Dengue

Em apenas uma semana houve um aumento de 5% de casos de dengue. Em Paranaguá, o surto anterior gerou um clima de paranoia, tantas as ocorrência­s.

Reação

50,2% dos eleitores não votariam no PT para deputado federal, para o MDB quase um empate com 49,5%, e do PSDB, 46,2%. São peças da última sondagem da Paraná Pesquisas, com 2.002 consultado­s em todo o país. Outro detalhe: 91% dos atingidos pela Lava Jato concorrem às eleições, de 55 envolvidos, 50 fazem o teste.

Folclore

É fácil testar feitos de marqueteir­os. O presidente Michel Temer, colocado com desempenho superior aos dos 50 anos em cinco de JK, já que teria avançado 20 anos em apenas dois, poderia sair às ruas para ver como está o seu Ibope real. Protegido, é claro.

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