Estradas que levam à exploração sexual infantil
Na última terça-feira (15), matéria publicada na FOLHA apontava um triste ranking: o Paraná hoje lidera a lista de exploração sexual de crianças e adolescentes nas rodovias federais, com aumento de 40% de casos no biênio 2017/2018, em relação à pesquisa anterior, referente a 2013/2014.
Se no passado o Nordeste era apontado como a região com maior número de pontos de vulnerabilidade para este tipo de abuso, nos estados do Sul o problema tem crescido. Há quatro anos, o Paraná aparecia em terceiro lugar no ranking nacional com 179 desses pontos nas rodovias, ao passo que hoje o Estado é o que tem o maior número de pontos de vulnerabilidade, num total de 299 locais identificados como áreas de risco nas rodovias. 2.487 pontos deste tipo foram identificados em todo País.
Os dados integram o Mapear, estudo realizado pela PRF (Polícia Rodoviária Federal) em parceria com a Oscip Childhood Brasil. Este tipo de análise foi possível desde que, há 14 anos, a rainha Silvia da Suécia criou a Oscip para colocar o dedo na ferida de um problema vergonhoso. Assim, em âmbito nacional, foi criado o programa Na Mão Certa para combater a exploração sexual de crianças e adolescentes. Entre as principais causas da prostituição infantil no Brasil encontramse a pobreza e fatores que derivam dela, como famílias mal estruturadas, miséria extrema, falta de acesso à educação, uso de drogas e até mesmo consumismo exagerado. Pais drogados e agressivos também tornam as crianças vulneráveis, levandoas a viver nas ruas, e, na falta de condições de subsistência, a prostituição infantil transforma-se em alternativa lamentável. Some-se a isso a falta de escrúpulos de adultos que se servem deste tipo de abuso, às vezes oferecendo em troca quantias irrisórias ou mesmo comida. A PRF justifica que no Paraná o aumento de casos também aparece em função de um maior comprometimento dos órgãos regionais, responsáveis pelo levantamento, em mapear, de forma mais eficiente, os pontos vulneráveis, o que se verifica também em outros 17 estados do País onde se registraram índices maiores de prostituição. Os pontos das rodovias onde ocorre este tipo de exploração não foram informados pela PRF para evitar que se emitam alertas aos infratores. Além disso, evita-se criar um ranking discriminatório associado a esses pontos nas estradas. Mas entre as áreas críticas, o levantamento aponta trechos de rodovias onde estão localizados postos de combustíveis, casas de shows, locais de venda de alimentos e de bebidas alcoólicas. O que não significa uma novidade, mas exige vigilância redobrada.
Entre as principais causas da prostituição infantil no Brasil encontram-se a pobreza e fatores que derivam dela”