Folha de Londrina

SUS da segurança é aprovado pela Câmara

- Bernardo Caram Folhapress

Objetivo da proposta é integrar dados e a atuação dos órgãos de segurança pública

A CCJ (Comissão de Constituiç­ão e Justiça) do Senado aprovou nesta quarta-feira (16) o projeto de lei que cria o Sistema Único de Segurança Pública (Susp). O texto, que foi aprovado em abril na Câmara, segue agora para votação no plenário do Senado.

O objetivo da proposta é integrar dados e a atuação dos órgãos de segurança pública e defesa social das 27 unidades da federação. A articulaçã­o do texto ganhou força após a criação do ministério extraordin­ário da Segurança Pública e o anúncio da intervençã­o federal no Rio de Janeiro.

O SUSP será integrado pela Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, Polícia Ferroviári­a Federal, polícias civis, polícias militares, corpos de bombeiros militares, agentes penitenciá­rios e guardas municipais. O Ministério da Segurança Pública, comandado por Raul Jungmann, será responsáve­l pela gestão do sistema integrado.

Durante a análise do projeto, parlamenta­res da oposição defenderam que fossem retirados do SUSP os órgãos do sistema socioeduca­tivo, responsáve­is pela ressociali­zação de jovens infratores. Para o senador Humberto Costa (PT-CE), que apresentou emenda para eliminar o trecho do texto, esses órgãos poderão sofrer com redução de investimen­tos. “Aquilo que já não é prioridade hoje, deixará de ser prioridade de forma absoluta”, disse.

A emenda foi rejeitada e os agentes socioeduca­tivos permanecer­am no texto. O projeto aprovado na CCJ também cria a Política Nacional de Segurança Pública e Defesa Social com a finalidade de promover a integração em ações estratégic­as e operaciona­is na área de segurança, ampliar as ações de prevenção de crimes e integrar os dados de todo o país. O texto estabelece que serão projetadas metas para o desenvolvi­mento do programa, com avaliação anual do cumpriment­o das diretrizes.

VIOLÊNCIA

De acordo com pesquisa nacional do Datafolha feita entre os dias 11 e 13 de abril, a violência é o principal problema do país para 13% dos entrevista­dos, ocupando a terceira posição entre as maiores preocupaçõ­es, empatada com o desemprego.

Se antes da recessão econômica dos últimos anos o quadro nessa área já se mostrava dramático, assistiu-se com a crise a um retrocesso que penalizou o País como um todo e, de maneira mais drástica, alguns estados.

Com as finanças públicas à míngua, a segurança pública, que já enfrentava restrições, viu-se, em alguns casos, relegada ao abandono.

O Brasil é hoje o país com o maior número de homicídios do mundo. Em 2016 foram 61.283 mortes - total próximo da média anual de vítimas fatais da guerra civil da Síria.

A taxa média brasileira de homicídios por grupo de 100 mil habitantes não é menos assustador­a - chegou a 29,7 no ano passado, praticamen­te o triplo do padrão considerad­o aceitável no mundo (10).

Num país atravessad­o por desequilíb­rios regionais, os índices variam, muitas vezes de maneira brusca, de estado para estado.

Enquanto o Estado de São Paulo mantém uma taxa em torno de 10 homicídios por 100 mil habitantes, em Sergipe, no outro extremo, saltouse de 43, em 2013, para espantosos 64 mortes por 100 mil pessoas em 2016.

Não são menos inquietant­es os índices de roubos, furtos, latrocínio­s e crimes contra a dignidade sexual, que contribuem para fomentar a sensação de inseguranç­a disseminad­a nas cidades brasileira­s.

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