Folha de Londrina

Do futuro

Com a evolução da tecnologia e o aumento do número de dispositiv­os conectados à internet, possibilid­ades de ataques se ampliam

- Mie Francine Chiba Reportagem Local

No futuro, os crimes cibernétic­os poderão ir muito além do que aqueles que conhecemos hoje. E uma dos grandes motivos é o aumento do número de dispositiv­os conectados à internet. Projeção da consultori­a Gartner mostra que até 2020 haverá mais de 20 bilhões de dispositiv­os conectados à web. A expectativ­a é que o ano de 2017 fecharia com 8 bilhões de objetos conectados em uso.

À medida que equipament­os conectados à internet se tornam mais disponívei­s e acessíveis no mercado, mais possibilid­ades se abrem para que os cibercrimi­nosos realizem

Quem assistiu à série Black Mirror (Netflix) irá se lembrar de um episódio que mostra uma realidade em que pessoas recebem uma pontuação de acordo com a sua popularida­de nas redes. Situação parecida já é realidade na China, que quer implantar um sistema de pontuação para seus cidadãos. ataques contra pessoas e empresas. “Tudo que está conectado à internet pode ser acessado se não tiver barreiras de segurança”, comenta o advogado especializ­ado em Direito Digital, Fernando Peres. Na última segundafei­ra (14), ele deu uma palestra sobre os crimes cibernétic­os do futuro na Faculdade Cristo Rei, em Cornélio Procópio (Norte Pioneiro).

Hoje, os ataques se restringem basicament­e aos smartphone­s, aos notebooks, aos tablets e às TVs. Mas, no futuro a expectativ­a é que cada vez mais tipos de dispositiv­os sejam conectados à internet. “Poderemos conectar tudo o que quisermos à internet – geladeira, frigideira, escova de dentes, liquidific­ador”, afirma o analista sênior da Kaspersky Lab, Fabio Assolini.

Mas qual o interesse de um criminoso ao atacar uma lâmpada inteligent­e, por exemplo? “Quando o criminoso encontra um dispositiv­o vulnerável em sua casa, ele pode ter acesso a outros dispositiv­os contendo dados importante­s que você tem na sua rede”, explica Assolini.

Outro risco está na invasão de câmeras de vigilância. De acordo com Peres, já existem sites que exploram milhares Os pontos serão levados em conta em diversas situações da vida dos chineses, como para fazer uma reserva de hotel por exemplo.

Hoje, uma grande quantidade de dados pessoais são compartilh­ados por empresas sem autorizaçã­o. No futuro, dados sobre a saúde do indivíduos de câmeras vulnerávei­s conectadas à internet para exibir, on-line, imagens de pessoas em momentos de intimidade. “Isso tudo é muito perigoso e pode prejudicar não só a integridad­e moral, a reputação das pessoas, mas também a sua integridad­e física”, diz Fernando Peres. O advogado lembra o um caso de um hacker que invadiu uma smart TV e capturou imagens de um casal tendo relações sexuais.

Fora de casa, há também a tendência do uso de veículos autônomos, que também podem passar a ser manipulado­s por hackers. “Já foi provado que é possível hackear um carro desses à distância. Nos EUA, um avião chegou a ser controlado por alguns segundos por um hacker”, conta também podem passar a ser compartilh­ados, e empresas poderão começar a utilizá-los para selecionar candidatos que não tenham predisposi­ção a determinad­os problemas de saúde, por exemplo.

O vazamento de dados por empresas é um problema que deve aumentar no futuro, opina Fábio Assolini, Peres. Hoje, também já é fácil manipular drones para cometer crimes. “Alguém pode fazer isso e você não vai descobrir, já que drones com peso abaixo de 250 gramas não precisam ser registrado­s.” Indo além, é possível ver um cenário em que empresas, hidrelétri­cas e usinas também possam ser controlada­s por criminosos, caso estejam vulnerávei­s.

PREPARAÇÃO

E o que fazer a respeito desse cenário que se vislumbra? Na opinião de Fabio Assolini, analista sênior da Kaspersky Lab, os primeiros a se prepararem devem ser os governos, com a regulament­ação das tecnologia­s. Já existe, por exemplo, regulament­ação para o uso de drones. Outros tipos de equipament­os também poderão ter de ser regulament­ados.

Os fabricante­s serão os próximos a se prepararem. “Não só os fabricante­s dos produtos, mas também empresas de segurança. Futurament­e, vai ter empresas lançando software de proteção de dispositiv­os conectados à internet – carros conectados à internet, TVs ou sua geladeira -, porque isso será necessário.” analista sênior da Kaspersky Lab. “Esse tipo de coisa já existe hoje e a tendência é aumentar, porque hoje, cada vez mais pessoas compram pela internet, por exemplo.”

Para Fernando Peres, a perspectiv­a de que as pessoas terão controle sobre seus dados no futuro é muito incerta. E esse cenário se tornará ainda mais desafiador quando as cidades se tornarem inteligent­es, já que os indivíduos também poderão ser monitorado­s por meio de reconhecim­ento facial. “Continuare­mos com o direito à privacidad­e, mas perderemos o direito da imagem e da intimidade.” (M.F.C.)

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