ANOS em concerto
Natural da Bulgária, o violinista Evgueni Ratchev, spalla da Orquestra Sinfônica da Universidade Estadual de Londrina (Osuel) há 22 anos, vai reger o concerto em comemoração aos seus 70 anos de idade que será apresentado nesta quinta-feira (17), às 20h30, no Teatro Ouro Verde. No repertório, escolhido pelo músico em parceria com o maestro Alessandro Sangiorgi, serão executadas obras como “Chaconne” de Bach (da Partita nº 2 para Violino Solo numa transcrição para orquestra de cordas), a Abertura “Bodas de Fígaro” e a Sinfonia nº 35 “Haffner” de Mozart, e também três “Danças Húngaras” de Brahms. “A escolha se deu diante das possibilidades da atual formação do elenco da orquestra”, diz Ratchev.
Com Graduação e Mestrado em Violino na Academia Superior de Música de Sófia (Bulgária), atuou como solista e maestro convidado em diversas orquestras na Bulgária e Estados Unidos. No Brasil, antes de começar na Osuel, em 1996, na qual também trabalha como regente adjunto, Ratchev atuou por nove anos em Belém (PA), primeira cidade em que morou quando chegou ao país com a esposa Irina Ratchev, pianista da Osuel, onde, inclusive, nasceram seus dois filhos. Lá criou o Quarteto de Cordas de Belém e fundou a Orquestra de Câmara do Pará, exercendo as funções de regente e spalla. Sua vinda para Londrina foi por meio de um convênio entre o Governo do Estado do Pará e Embaixada da Bulgária.
TRAJETÓRIA
A história de Ratchev com a música, especificamente com o violino, começou muito cedo, pro volta dos seis anos de idade, na pequena cidade chamada Varna, na costa do Mar Negro, na Bulgária. O pai, apesar de não ter a música como profissão, tocava violino e bandolin; já a mãe cantou a vida toda em corais. “A música esteve sempre presente na minha casa. Nasci numa cidade de tradição musical, principalmente os Festivais de Música. Além disso, existe um incentivo muito grande ao estudo e prática de música na Bulgária, onde o ensino formal é muito rígido”, conta o violinista que, ainda criança, estudava o instrumento diariamente com as obras dos grandes nomes da música erudita.
Poucos anos depois, ingressaria numa escola técnica, em que os alunos estudavam o ensino regular das disciplinas num período e música no contraturno. “Este ainda é um perfil de escola que gostaria de ver no Brasil, voltada ao ensino profissional e especializado de música. É obrigatória a formação de Orquestras Infantis, de Jovens e Adultos nestas instituições”. Esta época foi quando teve as primeiras experiências com música de câmara e, também, orquestras. “Esse tipo de iniciativa é uma importante oportunidade para a descoberta de novos talentos, e a prática coletiva é fundamental para o crescimento do instrumentista”, comenta.
EM LONDRINA
Após três décadas no Brasil e totalmente adaptado, Ratchev possui apenas um forte sotaque, apesar da pronúncia impecável da língua portuguesa. O ingresso na Osuel foi possível graças à cidadania que o casal obteve, podendo, assim, realizar concurso público logo após a chegada em Londrina. “Tenho orgulho do que vivi e realizei por aqui e ainda quero fazer muitas outras coisas. Espero poder ver políticos que, realmente, valorizem a música e a cultura em geral, pois ela deve deve estar presente na base da educação de uma sociedade, indispensável para o seu desenvolvimento”, desabafa.
Em Londrina, além das atividades com a Osuel, desenvolve intenso trabalho como professor de violino, diretor artístico e spalla da Orquestra de Câmara “Solistas de Londrina”, que fundou em 1998, e, mais recentemente, como tutor pedagógico da Academia de Prática e Formação Orquestral - Bravi, criada no ano passado. Durante sua trajetória, atuou e ainda atua como professor de violino no Curso de Música do Colégio Mãe de Deus em Londrina e integrou o corpo docente de violino e música de câmara no Curso Superior de Música da UEM (Universidade Estadual de Maringá).