‘Estou mais calmo que água de poço’, diz Rossoni após depoimento ao MP
Deputado federal foi citado por delator da Quadro Negro como um dos beneficiários do esquema que desviou verbas para construção de escolas estaduais
- O deputado federal Valdir Rossoni (PSDBPR) disse ontem, após prestar depoimento na sede do MP (Ministério Público) Estadual, em Curitiba, que o dono da construtora Valor, Eduardo Lopes de Souza, principal delator da Operação Quadro Negro, é mentiroso e criminoso. O empreiteiro acusa o tucano e outros políticos ligados ao ex-governador Beto Richa (PSDB) de envolvimento no desvio de verbas que deveriam ser destinadas à construção e reforma de escolas públicas no Paraná.
“[Estou] mais calmo do que água de poço. Nada do que me perguntaram foi constrangedor. Foram questionamentos normais: ‘conhece o [Maurício] Fanini?’, ‘conhece o Eduardo?’... São coisas normais e fáceis de responder. Eu me preparei tanto e não recebi nenhuma pergunta que me causasse embaraço”, alfinetou, em entrevista a jornalistas. “Ele [Souza] tem que encontrar um argumento para escapar da cadeia. Esse cidadão cometeu o crime e agora busca uma saída. Qual saída? Mentir e criar uma novela mexicana”, completou.
Ex-diretor da Secretaria de Estado da Educação (Seed), Fanini deve ser ouvido em breve, mas em Brasília, onde segue preso. Já Rossoni contou à imprensa que também poderia ter falado na capital federal, porém, preferiu ir a Curitiba para que a mídia pudesse acompanhar. Ele chegou a fazer um apelo via redes sociais, dias antes, para que tudo fosse transmitido ao vivo. A oitiva, contudo, ocorreu a portas fechadas. “Fiz o pedido ao Ministério Público para abrir o meu depoimento, mas eles argumentaram que há uma decisão sobre o sigilo, o que nos causa estranheza; está em sigilo na tela da Globo. Então é uma coisa bastante estranha”, criticou.
Trechos do depoimento de Souza, prestado na semana passada, foram divulgados com exclusividade pela RPC TV, afiliada à Rede Globo. Neles, o dono da Valor reafirma o que falou na delação homologada no Supremo Tribunal Federal (STF). Disse que houve pagamento de propina para um assessor de Rossoni, em caso relacionado a obras em Bituruna, no sudeste, e que o parlamentar, à época presidente da AL (Assembleia Legislativa), foi o responsável por indicar a Valor para efetuar as obras nos colégios, entre 2011 e 2014, o que ele nega.
Na delação, Lopes ainda relata que a empresa pagou propina para abastecer as campanhas de Beto Richa, o irmão do ex-governador, Pepe, e o filho, Marcello, além do atual presidente da Assembleia Legislativa, Ademar Traiano (PSDB), e do deputado estadual Tiago Amaral (PSB). Também citou repasses a Juliano Borghetti, irmão da governadora Cida Borghetti, e ao deputado federal e marido de Cida, Ricardo Barros (PP). Todos negam as acusações.