Folha de Londrina

‘Estou mais calmo que água de poço’, diz Rossoni após depoimento ao MP

Deputado federal foi citado por delator da Quadro Negro como um dos beneficiár­ios do esquema que desviou verbas para construção de escolas estaduais

- Mariana Franco Ramos Reportagem Local Curitiba

- O deputado federal Valdir Rossoni (PSDBPR) disse ontem, após prestar depoimento na sede do MP (Ministério Público) Estadual, em Curitiba, que o dono da construtor­a Valor, Eduardo Lopes de Souza, principal delator da Operação Quadro Negro, é mentiroso e criminoso. O empreiteir­o acusa o tucano e outros políticos ligados ao ex-governador Beto Richa (PSDB) de envolvimen­to no desvio de verbas que deveriam ser destinadas à construção e reforma de escolas públicas no Paraná.

“[Estou] mais calmo do que água de poço. Nada do que me perguntara­m foi constrange­dor. Foram questionam­entos normais: ‘conhece o [Maurício] Fanini?’, ‘conhece o Eduardo?’... São coisas normais e fáceis de responder. Eu me preparei tanto e não recebi nenhuma pergunta que me causasse embaraço”, alfinetou, em entrevista a jornalista­s. “Ele [Souza] tem que encontrar um argumento para escapar da cadeia. Esse cidadão cometeu o crime e agora busca uma saída. Qual saída? Mentir e criar uma novela mexicana”, completou.

Ex-diretor da Secretaria de Estado da Educação (Seed), Fanini deve ser ouvido em breve, mas em Brasília, onde segue preso. Já Rossoni contou à imprensa que também poderia ter falado na capital federal, porém, preferiu ir a Curitiba para que a mídia pudesse acompanhar. Ele chegou a fazer um apelo via redes sociais, dias antes, para que tudo fosse transmitid­o ao vivo. A oitiva, contudo, ocorreu a portas fechadas. “Fiz o pedido ao Ministério Público para abrir o meu depoimento, mas eles argumentar­am que há uma decisão sobre o sigilo, o que nos causa estranheza; está em sigilo na tela da Globo. Então é uma coisa bastante estranha”, criticou.

Trechos do depoimento de Souza, prestado na semana passada, foram divulgados com exclusivid­ade pela RPC TV, afiliada à Rede Globo. Neles, o dono da Valor reafirma o que falou na delação homologada no Supremo Tribunal Federal (STF). Disse que houve pagamento de propina para um assessor de Rossoni, em caso relacionad­o a obras em Bituruna, no sudeste, e que o parlamenta­r, à época presidente da AL (Assembleia Legislativ­a), foi o responsáve­l por indicar a Valor para efetuar as obras nos colégios, entre 2011 e 2014, o que ele nega.

Na delação, Lopes ainda relata que a empresa pagou propina para abastecer as campanhas de Beto Richa, o irmão do ex-governador, Pepe, e o filho, Marcello, além do atual presidente da Assembleia Legislativ­a, Ademar Traiano (PSDB), e do deputado estadual Tiago Amaral (PSB). Também citou repasses a Juliano Borghetti, irmão da governador­a Cida Borghetti, e ao deputado federal e marido de Cida, Ricardo Barros (PP). Todos negam as acusações.

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Sandro Nascimento/Alep “Esse cidadão cometeu o crime e agora busca uma saída. Qual saída? Mentir e criar uma novela mexicana”, disse Rossoni sobre dono da construtor­a Valor
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