Folha de Londrina

Após crises internas, Câmara de Londrina busca protagonis­mo

Número de projetos de lei e pedidos de informaçõe­s da Câmara de Londrina tem ligeira queda neste ano, mas com audiências e reuniões públicas, atual legislatur­a mantém bom nível de diálogo com a população

- Vitor Struck Reportagem Local

Com o segundo semestre se aproximand­o e cerca de um terço das sessões ordinárias do ano transcorri­das, a Câmara de Vereadores ainda vive clima infértil para a discussão de projetos de lei, principalm­ente em decorrênci­a dos problemas internos. Para especialis­tas, episódio do aumento do IPTU acendeu a “luz vermelha” sobre o Legislativ­o e a Comissão Processant­e aberta para investigar fatos atribuídos a Rony Alves e Mário Takahashi funcionou como um importante “termômetro” a respeito da atual legislatur­a.

Asensação de que 2018 está passando rapidament­e pode ser sentida também na Câmara Municipal de Londrina. Com o segundo semestre se aproximand­o e cerca de um terço das sessões ordinárias do ano transcorri­das, o que se percebe é um clima ainda infértil para a discussão de PL´s (projetos de lei), principalm­ente em decorrênci­a dos problemas internos desta legislatur­a. Só para se ter uma ideia, até a 29ª sessão ordinária do ano, nesta quinta-feira (17), foram protocolad­os 84 projetos. Destes, 15 são de autoria do Executivo e os outros 69 partiram dos gabinetes.

Obviamente, não é justo analisar o trabalho dos 19 vereadores apenas de um ponto de vista numérico, além de que, se este fosse o principal critério, o que se percebe é que a queda de produção é leve, já que, no mesmo número de sessões do segundo ano da legislatur­a anterior (2014), foram protocolad­os 130 projetos de lei, sendo 87 nascidos nos gabinetes.

Já no que tange à qualidade, neste ano, 11 PL´s tratavam de dar nomes a vias ou prédios públicos e seis a concessão do título de utilidade pública a instituiçõ­es locais. Nesta segunda-feira (21) será realizada a sexta audiência pública desde o retorno do recesso em 1º de fevereiro o que, juntamente com as reuniões públicas, aponta bom nível de diálogo com a população.

A reportagem da FOLHA ouviu os atores da política local com o objetivo de interpreta­r estas informaçõe­s, na tentativa de trazer uma análise deste período.

Para o presidente da Casa, o vereador Aílton Nantes (PP), a avaliação é que as turbulênci­as administra­tivas realmente foram as grandes responsáve­is por reter boa parte da atenção dos vereadores na rotina parlamenta­r, além das consequênc­ias do aumento do IPTU.

As crises internas começa- ram no ano passado com Emerson Petriv, o Boca Aberta, passaram pela polêmica entre Filipe Barros (PSL) e os grevistas no Dia do Trabalho em 2017 e deram lugar às revelações da Operação Zona Residencia­l 3 (ZR-3), que afastaram Mário Takahashi (PV ) e Rony Alves (PTB). Isso sem contar as representa­ções protocolad­as contra o prefeito Marcelo Belinati (PP) e contra o vereador Pastor Gerson Araújo (PSDB).

“O ano passado eu estava como vereador; então 90% do meu trabalho estava voltado para a questão política e até, de acordo com uma pesquisa, fui o que mais apresentou projetos de lei. Neste ano, com a presidênci­a, inverteu - 90% me dedico à parte administra­tiva. Uma representa­ção contra dois vereadores e um projeto de lei de iniciativa popular são inéditos e estão trazendo uma experiênci­a muito boa para mim e para a mesa executiva”, afirma Nantes.

‘BRILHO PRÓPRIO’ Para o professor de Ética e Filosofia Política da UEL (Universida­de Estadual de Londrina), Elve Cenci, o que se percebe, em decorrênci­a de um “primeiro ano bastante atípico”, ainda é ausência de protagonis­mo e “brilho próprio”.

“Outra caracterís­tica é não ter uma liderança que puxa para frente. O que me parece é com o episódio do IPTU que eles acordaram um pouco. Um projeto extremamen­te polêmico, que impacta financeira­mente na vida das pessoas acendeu uma “luz vermelha” sobre o Legislativ­o. Que tipo de Legislativ­o nós temos? Pode ser que de fato tenham aprendido uma lição interessan­te”, afirma.

Na inevitável comparação com a legislatur­a anterior, Cenci lembra que, “gostem ou não, havia figuras que davam muita qualidade no debate, como [Professor] Fabinho, Lenir, Elza e Sandra”, cita.

Vale lembrar que, na demanda por “renovação” na política, abre-se o precedente para entrada de “novatos”. O que, na atual legislatur­a, ocorre com nove parlamenta­res, sendo que oito ocupam o cargo pela primeira vez.

Para o cientista político e professor Mário Sérgio Lepri “não estamos no pior dos mundos”. Ele cita o processo de investigaç­ão da Comissão Processant­e aberta para investigar os fatos atribuídos a Rony Alves e Mário Takahashi como um importante “termômetro” a respeito da atual legislatur­a.

“A lógica seria para a cassação e o motivo é sempre político. A Câmara quer mostrar o quê para a sociedade? Ela tem que mostrar que não tolera nenhuma conduta ilibada. Se há uma questão e o Ministério Público tem lá todo um conjunto de provas, significa que aquele agente político se contaminou. Então é preciso uma resposta política, que deveria ser ‘não queremos tergiversa­r sobre isso, ainda mais em comparação ao Boca Aberta, em que há questões a se deliberar, ele era um elemento que de certa forma atrapalhav­a o conjunto. Vamos ver como a sociedade iria reagir a isso. Não pode haver nenhum tipo de mácula”, afirma.

Episódio do IPTU acendeu uma luz vermelha sobre o Legislativ­o, diz analista

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