Folha de Londrina

Tirando a exposição da Taça de Prata e algumas faixas, data histórica passou em branco

Por mais acertos que a gestão da SM Sports tenha à frente do Londrina, um pecado que comete é o pouco caso com a história do clube

- FÁBIO GALÃO esporte@folhadelon­drina.com.br

Não foi data redonda, mas ninguém reclamou. Londrina e CSA se enfrentara­m no sábado (19) pela sexta rodada da Série B em uma partida cheia de simbolismo, pelo reencontro dos dois times 38 anos e um dia depois de decidirem a Taça de Prata, o primeiro título nacional do Tubarão. Durante a semana, na cobertura da imprensa e nas redes sociais, não se falou em outra coisa quando o assunto era LEC. Quem foi ao Café esperava uma tarde cheia de história, homenagens, orgulho de ser alvicelest­e. Era o sonho de qualquer departamen­to de marketing.

Não foi nada disso. Tirando a exposição da Taça de Prata perto da entrada das cadeiras e algumas faixas da torcida organizada, a data histórica passou em branco. Parecia que não ia ser assim, porque durante a semana a assessoria de imprensa do Londrina tratou o jogo como o Reencontro de Campeões. Mas, antes da partida, no intervalo e depois, não houve discurso ou homenagem alguma – e olha que jogadores do time de 1980 estavam no estádio. Um prenúncio havia sido uma noite de autógrafos realizada na terça-feira (15), da qual atletas do LEC atual e daquela geração campeã participar­iam. No fim, foram Roberto, Lucas Costa e Reginaldo, do Londrina 2018, e nenhum dos ex-jogadores.

Até o CSA, que tem todos os motivos para querer esquecer da final de 1980, já que perdeu de quatro (algum torcedor do Londrina gosta de lembrar da decisão da Série C de 2015?), fez mais: para os novos sócios, disponibil­izou carteiras comemorati­vas lembrando a Taça de Prata. E o patrocinad­or teve a ótima ideia de oferecer um troféu para a equipe que somar mais pontos nos dois confrontos entre os dois times na Série B.

Em fevereiro, o LEC já havia deixado passar batidos os 40 anos do jogo de São Januário que o classifico­u para as semifinais do Campeonato Brasileiro de 1977, até hoje o maior feito da história do clube (não, não é a Copa da Primeira Liga).

Por mais acertos que a gestão da SM Sports tenha à frente do Londrina, um pecado que comete é o pouco caso com a história do clube. Por muito tempo, o Tubarão jogou com esquisitas camisas pretas, e só voltou a vestir azul e branco após muita chiadeira de imprensa e torcida. Iniciativa­s que valorizam a história do time, como a inauguraçã­o do Memorial no ano passado, geralmente partem do clube, e não da gestora. É como se o Londrina tivesse começado em 2011.

Não é difícil entender o porquê: pintando um cenário de terra arrasada, como se não houvesse vida no Londrina antes da chegada da SM (e, de fato, nos anos imediatame­nte anteriores, havia pouca) e sem possibilid­ade de haver com sua saída, é mais fácil negociar uma renovação de contrato em termos ainda melhores para a empresa em 2020.

Esse descaso é ruim para o clube e para a torcida, que não tem interesse em outro time e sim na continuida­de daquele que foi seu melhor representa­nte no futebol paranaense e nacional desde a fundação da cidade. E também para a SM: não seria esse distanciam­ento um dos motivos dos públicos minguados registrado­s no Café?

ALERTA

Sobre o jogo: perder do CSA, um dos melhores times da Série B, não é vexame, ao contrário do que disseram vários torcedores furiosos na rampa do Café. Mas o problema é que o Londrina não tem demonstrad­o poder de fogo contra os primeiros colocados – empatou em casa com o Fortaleza e perdeu para Paysandu e CSA -, e aí fica difícil falar em acesso. E a ruindade do futebol apresentad­o pelo LEC assusta: é o pior time que a SM montou em três temporadas na Série B.

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