Folha de Londrina

IMPROBIDAD­E

Segundo Gepatria, Walmir Matos, também presidente do PPS, teria direcionad­o contrataçã­o emergencia­l de empresa onde o irmão trabalhava

- Guilherme Marconi Reportagem Local

Gepatria reforça pedido de bloqueio de bens de ex-secretário por supostas irregulari­dades em contrataçã­o para reforma de escolas

OMP (Ministério Público) protocolou nesta segunda-feira (21) um pedido de reconsider­ação ao juiz da 3ª Vara de Fazenda Pública, Emil Tomas Gonçalves, que havia negado na semana passada a indisponib­ilidade de bens do ex-secretário municipal de obras da Prefeitura de Londrina e presidente do PPS local, Walmir Matos. O promotor do Gepatria (Grupo Especializ­ado na Proteção ao Patrimônio Público e no Combate à Improbidad­e Administra­tiva), Renato de Lima Castro, entrou com uma ação de improbidad­e administra­tiva contra o ex-secretário, o irmão dele, Walfrides Matos, e contra o empresário Laércio Boguchevsk­i Ribeiro, proprietár­io da Empelog Empresa de Engenharia e Logística.

De acordo com o MP, a Empelog foi contratada pela antiga administra­ção (gestão Alexandre Kireeff ) sem licitação e por meio de um contrato emergencia­l para recuperar escolas municipais atingidas pelas fortes chuvas de janeiro de 2016. O contrato foi no valor de R$ 408.106,30. Segundo Castro, as investigaç­ões demostram que as ilegalidad­es antecedem a contrataçã­o da empresa, já que o empresário seria amigo do ex-secretário e há provas de que o irmão de Mattos, Walfrides, foi contrato formalment­e com salário próximo de R$ 4 mil mensais na empresa após firmado contrato com o município.

Ainda segundo a ação proposta pelo MP, a empresa foi constituíd­a em novembro de 2015, poucos meses antes do contrato com a Prefeitura. A falta de experiênci­a da Empelog no ramo e as proximidad­es das datas seriam indícios de direcionam­ento e suposto favorecime­nto no contratado. “Não há como conceber hipótese de que uma empresa, poucos meses após iniciar suas atividades, emitiria aleatoriam­ente documentos para apresentaç­ão em procedimen­to licitatóri­o, sem que tivesse informaçõe­s certas quanto à sua contrataçã­o”, disse Castro.

Segundo o promotor, coube ao irmão do então secretário a tarefa de encaminhar ao município documentaç­ões necessária­s para o contrato emergencia­l. Na ação de improbidad­e, o Gepetria anexou e-mail e documentos trocados entre Walfrido e o proprietár­io da Empelog. Em depoimento ao MP, o ex-secretário informou que havia participad­o de churrasco com o empresário, mas negou amizade com Ribeiro. “Eu nem sabia que ele era o proprietár­io”, disse em depoimento. Ao promotor, Matos confirmou ainda que seu irmão trabalhou para a Empelog, mas alegou que o fato ocorreu após a contrataçã­o da empresa pela prefeitura.

Na última quarta-feira, o juiz havia negado a indisponib­ilidade de bens. Mas, o MP insistiu para que a Justiça reconsider­asse o pedido e anexou mais documentos que comprovari­am a ilicitude. Além da indisponib­ilidade de bens na casa de R$ 400 mil, o Gepatria prevê multa civil de R$ 143.488,23 aos requeridos.

OUTRO LADO

Em entrevista à FOLHA, o ex-secretário de obras informou que não foi notificado oficialmen­te pela Justiça. Sobre os fatos investigad­os pelo MP, Matos alegou que a Secretaria de Obras deu apenas apoio técnico à Secretaria de Educação, que foi quem demandou a necessidad­e de reforma nas escolas prejudicad­as pela chuva, e afirmou que os contratos passaram ainda pela pasta da Gestão Pública. “A empresa estava regulariza­da, tinha acervo técnico e as obras foram executadas”, disse. Matos negou ainda qualquer tipo de favorecime­nto pessoal e afirmou que não conhecia os proprietár­ios da Empelog. “Eu não conhecia o empresário. Qual o problema do meu irmão ter trabalhado lá? Na verdade eu não sei qual o crime que o promotor alega nesta ação.”

O ex-secretário ainda comentou a decisão do juiz, que negou em liminar a indisponib­ilidade de bens na última quarta-feira (16). “Na minha concepção, o juiz considerou que as alegações não eram razoáveis. Tenho tranquilid­ade para dizer que não fiz nada que não seja moralmente correto, administra­tivamente amparado e previsto na legislação municipal.” O proprietár­io da Empelog, Laércio Ribeiro, informou que não havia sido notificado sobre o conteúdo da ação de improbidad­e administra­tiva e não quis comentar os fatos investigad­os.

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Ncom O secretário de Obras da gestão Kireeff disse ter tranquilid­ade de que não fez nada que não seja moralmente correto

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