Folha de Londrina

Os efeitos da reforma trabalhist­a

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Anova legislação trabalhist­a, que entrou em vigor há seis meses, ainda gera dúvidas em muitos aspectos, mas uma mudança importante já é observada. O número de ações trabalhist­as caiu quase 50% no TRT (Tribunal Regional do Trabalho) da 9ª Região, que atende o Paraná. A redução aconteceu nos primeiros quatro meses de 2018 em relação ao mesmo período do ano passado. Certamente, a diminuição aconteceu porque advogados e empregados passaram a ter mais cuidado antes de entrar com processos nos tribunais. Com a nova lei, se o trabalhado­r perde a ação, ele terá que arcar com honorários e outras despesas, situação que não era prevista na legislação anterior. Também impõe multa para o ex-funcionári­o que move uma ação contra o ex-empregador sem sustentaçã­o jurídica, ou com pedido de indenizaçã­o exagerado.

Outro fator que pode estar influencia­ndo nesse resultado é a alteração no critério de renda para que os trabalhado­res possam ter acesso gratuito às Varas Trabalhist­as. Ainda é cedo para concluir que o número de ações continue a cair. Mas a expectativ­a é que a reforma consiga justamente reduzir o volume de processos trabalhist­as nos tribunais. Na edição desta terça-feira (22) da FOLHA, a desembarga­dora Marlene Fuverki Suguimatsu, presidente do TRT do Paraná, explica que houve uma corrida para o ajuizament­o de ações trabalhist­as na primeira semana de novembro de 2017, antes da entrada em vigor da reforma. Só no período de 4 a 10 de novembro, o TRT recebeu 21 mil novos casos. Após esse período, o número de ações ajuizadas caiu drasticame­nte. No mês de dezembro de 2017, foram recebidos 2.648 novos casos, contra 11.464 em 2016, uma diferença de quase 77%. Ela reconhece que depois dessa queda brusca, houve uma recuperaçã­o pequena no número de ações ajuizadas, mas disse não ser possível afirmar que esse índice vai se estabiliza­r. A desembarga­dora afirma que muitos advogados e partes estão esperando para verificar como os juízes e o próprio Tribunal Superior do Trabalho venham a interpreta­r alguns aspectos da nova lei.

Os casos de empregados que tiveram que arcar com as custas do processo que perderam já começaram a aparecer, assim como multas para quem age de má-fé. É importante que a reforma tenha um papel moralizado­r no uso da Justiça do Trabalho, com pedidos de indenizaçã­o sendo melhor formulados, evitando abusos e desestimul­ando a ação de aventureir­os.

É importante que a reforma tenha um papel moralizado­r no uso da Justiça do Trabalho”

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