Folha de Londrina

Câmara volta a debater PL da ‘Ideologia de gênero’

- Vitor Struck Reportagem local

O novo debate na Câmara Municipal sobre o Projeto de Lei que visa a proibição de atividades pedagógica­s que concordem com a teoria que ficou conhecida como “identidade de gênero” nas redes pública e particular de ensino em Londrina contou com a presença de 30 pessoas. Em reunião pública conjunta das comissões de Defesa dos Direitos do Nascituro, da Criança, do Adolescent­e e da Juventude, Comissão de Direitos Humanos e Defesa da Cidadania e de Educação, Cultura e Desporto pelo menos cinco pessoas puderam falar além do único presente a defender o PL, o vereador Filipe Barros (PSL), autor da matéria.

A pós-doutoranda do Programa de Pós-graduação em Ciências Sociais da Universida­de Estadual de Londrina, Lara Facioli, que estuda o tema há 12 anos, questionou informaçõe­s apresentad­as no PL. A principal foi o argumento de que a teoria da Identidade de Gênero é considerad­a nociva até mesmo pela Associação Americana de Pediatria. Lara explicou que esta associação conta com 64 mil profission­ais e, na verdade, apenas um grupo menor, que seria ligado a igrejas extremista­s dos Estados Unidos, é que são contra a ideia, não representa­ndo um pensamento único entre os pediatras estadunide­nses.

Questionad­o pela FOLHA se a informação contida no projeto estaria sendo usada de forma inverídica, o autor do projeto, o vereador e précandida­to a deputado federal Filipe Barros (PSL) disse que a afirmação da pós-doutoranda “não fazia sentido algum”.

“É óbvio que nas discussões internas da associação de pediatras deve haver aqueles que concordam e aqueles que discordam, o fato é que a associação tomou uma deliberaçã­o, provavelme­nte pela maioria dos seus membros, eu não estava lá para saber, e a associação de pediatras norte-americanos se posicionou, no próprio site dá pra ver, que a ideologia de gênero é um método de abuso infantil”, defendeu.

O estudo citado no PL chama-se “Gender Dysphoria in Children”, ou Disforia de Gênero em Crianças, publicado em junho do ano passado pela norte-americana Michele Cretella, da American College of Pediatrici­ans, que é uma associação nacional. O estudo, traduzido em novembro do ano passado, até analisa a efetividad­e de hormônios no que chama de “redesignaç­ão sexual” de adultos e os riscos deste tratamento em crianças.

Entretanto, a reportagem apurou que a “American Academy of Pediatrics”, esta não com 64 mil mas 66 mil membros, posiciona-se a favor do conceito. Já a “American College of Pediatrici­ans” foi criada em 2002 e está sediada na Flórida.

TRAMITAÇÃO

Até agora o PL recebeu parecer contrário da Secretaria Municipal de Educação e dos Conselhos Municipais de Educação, dos Direitos da Criança e do Adolescent­e e de Políticas para Juventude. O vereador Amauri Cardoso (PSDB) classifico­u a reunião como “muito boa”. Outros vereadores solicitara­m pareceres técnicos, também de entidades como a APP Sindicato, Sinpro (Sindicato dos Profission­ais das Escolas Particular­es de Londrina e Norte do Paraná), Sindprol (Sindicato dos Professore­s do Ensino Superior Público Estadual de Londrina) e Conselho de Pastores Evangélico­s de Londrina. O tema será abordado em audiência pública na Câmara, ainda sem data definida.

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