A força de trabalho que vem de longe
Desde 2010, a vida do haitiano Jean Faustin, 28, tem sido de lutas diárias por sobrevivência. Em 12 de janeiro daquele ano, um forte terremoto atingiu o país e causou a morte de 230 mil pessoas, feriu 300 mil e deixou outras 1,5 milhão desabrigadas. Ele saiu ileso do tremor, mas não escapou das dificuldades que sucederam o desastre natural. A falta de infraestrutura básica e a crise econômica que fez disparar o índice de desemprego no país trouxeram desafios insuperáveis a uma grande parte da população e Faustin desistiu de tentar fazer as coisas melhorarem. Em 2015, decidiu que era hora de recomeçar a vida em outro país. Reuniu o pouco dinheiro que tinha e comprou uma passagem para o Brasil.
Fluente em crioulo, francês e espanhol, em Gonaïves, cidade onde vivia, o haitiano ensinava línguas a crianças e adultos. Ao desembarcar no Brasil, sem saber falar nenhuma palavra em português, Faustin providenciou alguns documentos e seguiu para Rio do Sul, em Santa Catarina. “Fui trabalhar em um frigorífico, com abate de porcos. Nunca tinha feito isso”, conta.
Assim como ele, imigrantes de vários países desembarcam todos os dias no País na esperança de uma vida mais digna. Os haitianos são o caso mais representativo. Eles não são a principal nacionalidade com carteira assinada, mas desde 2013 a participação desse povo no mercado formal de trabalho vem crescendo, superando imigrações clássicas, como os portugueses. O Sul do País e o final da cadeia produtiva do agronegócio são, respectivamente, a região e o setor econômico que mais recebem imigrantes.