Folha de Londrina

Fiep lança programa de integridad­e

- Magaléa Mazziotti

Curitiba -

Ocupar a 96ª posição no ranking com 180 países pesquisado­s pela Transparên­cia Internacio­nal sobre a percepção de corrupção no mundo, deixar de gerar empregos por conta disso ou ainda compromete­r 2,3% do PIB são alguns dos desdobrame­ntos perversos do problema diagnostic­ado, mas ainda por tratar no Brasil. Esta é a síntese de quase seis horas de imersão promovida pelo 3º Fórum de Transparên­cia e Competitiv­idade realizado nesta segunda-feira (21) em Curitiba.

Os resultados positivos, sobretudo para a competitiv­idade das empresas e a sustentabi­lidade dos negócios, foram abordados sob diversos prismas. O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), Luís Roberto Barroso, presente ao evento, atribuiu à sociedade consciente e à imprensa independen­te o papel de grande locomotiva de avanço do processo civilizató­rio do Brasil, em detrimento da lentidão do Judiciário e o fisiologis­mo do Legislativ­o e Executivo. O filósofo, professor e professor Luiz Felipe Pondé, de forma cirúrgica, precisou o grande dilema entre algoritmos capazes de detectar as falhas e a verdade, à custa da invasão de privacidad­e, e a “confusa e seletiva” natureza humana dificultan­do a “prática da ética”.

O Sistema Fiep (Federação das Indústrias do Estado do Paraná), lançou no evento o Programa de Integridad­e, visando o avanço contínuo proposto pelo Fórum, desde a primeira edição em 2013. A plataforma www.sistemafie­p. org.br/programain­tegridade pretende multiplica­r as boas práticas de governança da própria instituiçã­o, auditadas por diversos órgãos e que reverberam os 17 ODSs (Objetivos de Desenvolvi­mento Sustentáve­l) da ONU (Organizaçõ­es das Nações Unidas).

De acordo com o presidente do Sistema Fiep, Edson Campagnolo, a ferramenta mostra quais são as práticas adotadas pela instituiçã­o em conjunto com o Cifal (Centro Internacio­nal de Atores Locais para a América Latina).

Sobre a participaç­ão das empresas nos vícios da forma de se fazer negócios no Brasil, Campagnolo reconheceu que envolve “corruptos e corruptore­s, mas também há questões dentro das empresas onde existem práticas não muito adequadas”. “Quando começamos em 2011, nós colocamos a nossa casa como amostra do que deveríamos fazer, nossa transparên­cia é total em todos os sentidos, de certa forma para que as empresas também pudessem estar nesse mesmo movimento”, acrescento­u.

A primeira edição do Fórum precedeu a Operação Lava Jato, iniciada em 2014, e teve a participaç­ão do juiz Sérgio Moro. “A importânci­a é que justamente estamos trazendo um pouco mais de informação” , ressaltou Campagnolo, acrescenta­ndo que o convite ao ministro Barroso na edição deste ano tem a ver com o processo eleitoral que se avizinha. “2018 é um ano crucial. É importante saber como as pessoas envolvidas em corrupção estão sendo apreciadas pela Justica, na instância superior”, alertou.

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