Folha de Londrina

O rock do despertado­r

- Marcos Losnak Especial para a Folha2

Existem várias maneiras de narrar contos de fadas. Uma das mais divertidas consiste em inserir a história original em um novo contexto, em uma nova época.

Várias autoras vêm percorrend­o esse caminho em obras infantis. Entre elas está a norte-americana France Minters, autora de “A Bela Desadormec­ida”.

Publicado pela editora Companhia das Letrinhas, o livro reconta o clássico “A Bela Adormecida” de maneira diferente, reformula a história para o mundo atual.

Narra a história de Belinha, uma menina comum que não é filha de nobres nem reside num castelo. No dia de seu nascimento, a família resolve comemorar sua chega com uma festinha.

O problema é que o pai e a mãe se esquecem de convidar a bruxa da vizinha. Mesmo sem ser convidada, ela aparece na festa e roga um encanto malévolo na recém nascida: quando a menina fizer 14 anos machucará o dedo e cairá em sono profundo. Também oferece um remédio: a música de um roqueiro poderá quebrar o encanto.

Como no conto original, a família procura esconder tudo que por ventura possa provocar algum ferimento nos dedos de Belinha. Faca, agulha, espinho, tesoura, garfo, prego, serrote, vidro e tachinha.

Quando completa 14 anos, a garota ganha de presente um disco de vinil de rock. Ao colocar o LP na vitrola, louca para ouvir o som, espeta o dedo na agulha do aparelho. E tudo cai em sono profundo.

Frances Minters escreveu “A Bela Desadormec­ida” no começo da década de 1990, quando ainda os discos de vinis faziam parte da vida das pessoas. Quando toda família tinha uma vitrola em casa.

Nos dias de hoje, Belinha dificilmen­te machucaria o dedo em uma agulha de toca discos. Dificilmen­te colocaria um LP na vitrola. Os tempos mudaram. Mas ainda não se alteraram os ritos de passagem da transição entre infância e adolescênc­ia. E esse parecer ser o sentido de “A Bela Desadormec­ida”.

 ??  ??
 ?? Imagens: Reprodução ??
Imagens: Reprodução

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil