LUIZ GERALDO MAZZA
Dos candidatos a presidente o que conta com maior apoio do mercado é o ex-ministro Henrique Meirelles.
O quadro de sonambulismo vivido pelo Brasil com a greve dos caminhoneiros foi imaginado e colocado como ameaça com a simples hipótese da prisão de Lula, inclusive morte de gente, como sugeria a senadora Gleisi Hoffmann. Um estado de absoluta anomia, impossível de ser regulado por via institucional, com generalizado desabastecimento, agora já acionando o sinal vermelho para ofertar combustível ao transporte público, cooperativas jogando leite fora por não ter como aproveitá-lo, outras suspendendo o abate de frangos e peixes, fábricas parando a produção, enfim a construção do caos.
Mas isso tudo se deu em função de um caso concretíssimo: o reajuste automático, em níveis cada vez mais alarmantes, dos derivados do petróleo, mormente do diesel que alimenta a frota transportadora. Atos desencadeados agora foram portanto imaginados e desejados para que ocorressem em função da política e abrindo o país para níveis de resistência civil jamais perpetrados nem quando do suicídio de Getúlio Vargas, que levou a massa às ruas.
Não é a primeira vez que enfrentamos esse tipo de anomalia, como se deu com a greve de anos atrás da mesma categoria. O impacto de agora, pela rapidez com que se desdobraram tais acontecimentos que afetaram todo o corpo da economia brasileira, está a exigir celeridade nas medidas compensatórias prometidas que até aqui não foram bem recebidas e vistas até como insuficientes como resposta imediata à crise.
Estamos diante de um acidente excepcional que mostra a concretude e a robustez de pressões de fundo econômico, essas tão permeáveis como as de caráter político em sua face psicossocial. Se a resistência a situações famélicas fosse exposta de forma revolucionária – com a multidão tomando as ruas e saqueando lojas - haveria, por certo, formas de repressão violentas o suficiente para anulá-las, mas a situação enfrentada tem todas as características de uma guerra, ironicamente tarefa de políticos e administradores. Militares, por sinal, estão só concentrados nas peripécias do Rio de Janeiro e de sua segurança.