Folha de Londrina

O drama de um país que privilegio­u a malha rodoviária

- Opiniao@folhadelon­drina.com.br

OPetróleo sobe no mercado internacio­nal, o preço do combustíve­l dispara no Brasil e o País para diante do terceiro dia de protesto dos caminhonei­ros. As maiores cidades brasileira­s tiveram um dia de caos, nessa quarta-feira (23) quando, com o risco de faltar gasolina, motoristas correram aos postos, fizeram filas quilométri­cas e o produto acabou mesmo. Serviços públicos já seguem prejudicad­os em muitas cidades e o prefeito de Londrina, Marcelo Belinati, explica em coletiva nesta quinta-feira (24) as consequênc­ias da paralisaçã­o dos caminhonei­ros para a cidade. Há uma grande preocupaçã­o com o transporte coletivo. No Rio de Janeiro, os ônibus circularam quarta-feira com frota reduzida e São Paulo só tem combustíve­l até sexta-feira.

O protesto atingiu em cheio também o abastecime­nto de alimentos. Faltam folhosas em todo o Paraná e em Londrina o preço da batata disparou, passando de R$ 90 a caixa de 50 quilos para R$ 280. Em Curitiba, a alta foi constatada na batata, tomate e cebola. A distribuiç­ão de gás de cozinha também preocupa.

Não se pode dizer que o governo de Michel Temer foi surpreendi­do pela greve dos motoristas de caminhão, que fecharam estradas e impediram a saída de veículos de centros de distribuiç­ão de alimentos e combustíve­is. Há dias a categoria vinha sinalizand­o com o protesto, caso o governo federal não tomasse uma medida efetiva para mudar a política de reajuste de preços aplicados pela Petrobras ou reduzir impostos que levam para as alturas o preço dos combustíve­is. A redução da Cide sobre o diesel, anunciada na terça-feira, é pouco representa­tiva e não sensibiliz­ou a categoria. E a reunião das lideranças dos caminhonei­ros com o governo federal, na tarde dessa quarta-feira, não avançou e terminou com a categoria ameaçando radicaliza­r – se é possível radicaliza­r ainda mais.

O velho slogan dos caminhonei­ros - “sem caminhão o Brasil para” consagrou-se novamente em um país que optou, há décadas, pelo transporte rodoviário, esquecendo as malhas ferroviári­a e hidroviári­a. Entra governo e sai governo, mas nada se faz para mudar essa realidade.

Não se questiona aqui se as reivindica­ções são justas. O movimento tem recebido manifestaç­ões de apoio, pois o preço da gasolina maltrata o brasileiro e principalm­ente quem trabalha com transporte. Mas prejudicar o direito de ir e vir do cidadão, provocar desabastec­imento em grandes proporções e colocar em risco a segurança e saúde da população é muito grave. A negociação é urgente.

Serviços públicos já seguem prejudicad­os em muitas cidades”

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