Bloqueio de pool gera falta de combustível em Londrina
Consumidores enfrentam filas para abastecer e já há estabelecimentos fechados
Nesta quarta-feira (23), caminhoneiros impediram o acesso ao pool de combustível de Londrina, localizado na zona oeste, como uma das estratégias da paralisação. Sem reabastecimento, postos de Londrina atenderam com filas e alguns estabelecimentos foram fechados por falta de estoque. Segundo funcionários do pool de combustível, cerca de 500 mil litros estão parados e 50 caminhões à espera da liberação.
Em nota à imprensa, o Sindicombustíveis-PR (sindicato que representa os estabelecimentos varejistas) afirma que, caso o bloqueio da central de distribuição persista, o resultado será a situação de desabastecimento total da cidade.
Um estabelecimento localizado na zona oeste encerrou as atividades por volta das 9 horas da manhã, após a falta do diesel. Gasolina e etanol haviam acabado já na segunda-feira (21). Com isso, a administração dispensou os funcionários e aguarda resultado da greve.
A situação se repete em outros locais e os postos que continuam com estoque têm filas. Matheus Asth, 22, conta que teve que esperar 40 minutos até ser atendido. “É um carro de trabalho, preciso estar abastecido. Vim com dois carros e já estou mandando trazer outro”, afirma. O medo que acabe a gasolina o levou à enfrentar a fila, mas observa outro detalhe. “Os preços estão exorbitante, fora do comum, eles estão aproveitando e metendo a faca”, denuncia.
O Núcleo do Procon de Londrina recebeu pelo menos 40 reclamações de abusos de preços pelos postos de combustíveis nesta quartafeira (23), informou o coordenador da entidade, Gustavo Richa. De acordo com ele, as pessoas que reclamaram não especificam quais estabelecimentos estariam praticando
preços abusivos e que, somente com uma investigação, que começa nesta quinta-feira, é possível esclarecer quem está se aproveitando da situação para a fixação de preços abusivos.
CEASA
O Ceasa de Londrina registrou na quarta-feira uma queda de 80% no movimento, em função dos bloqueios das rodovias. No começo da tarde, os caminhoneiros fecharam a entrada da unidade, na BR-369, na zona Leste. Alguns produtos como verduras folhosas e frutas já estão em falta.
As frutas de época como ponkan, que vem de Minas Gerais, e mexerica, do Rio Grande do Sul, são as mais afetadas. “Não está chegando nada de lugar nenhum”, afirmou Marcos Augusto Pereira, gerente da Ceasa de Londrina. A unidade abastece municípios do Norte Pioneiro, região de Ourinhos e Assis, em São Paulo, e até cidades do Mato Grosso do Sul.
Os preços dos produtos perecíveis, principalmente hortifruti, devem subir rapidamente. “Esse aumento é natural por causa da lei da oferta e demanda. É uma questão de livre mercado”, afirmou José Guilherme Silva Vieira, professor de economia monetária da UFPR (Universidade Federal do Paraná).
O abastecimento de gás de cozinha também está ameaçado. De acordo com o Sinegas (Sindicato das Empresas de Atacado e Varejo de Gás Liquefeito de petróleo), os estoques das revendas estão comprometidos. A previsão é de que em Londrina, Cascavel e Foz de Iguaçu falte o produto a partir desta quinta-feira. “As revendas não têm capacidade alta de armazenamento. Em Londrina, as bases das distribuidoras estão paradas deste segunda. A base mais próxima com botijão cheio fica em Ponta Grossa”, afirmou Sandra Ruiz, presidente do Sinegas.
Segundo ela, mesmo que a greve termine nesta quintafeira, o setor levará pelo menos quatro dias para recompor os estoques. Ela enfatizou que o sindicato é favorável ao movimentos dos caminhoneiros. “Em 2017, o gás de cozinha aumentou em torno de 70%, mas não conseguimos repassar todo esse custo ao consumidor”, disse.
Dono de quatro revendas da Supergasbras, Martin Saffaro afirmou que só tem estoque para mais um dia, principalmente pela demanda que cresceu com a ameaça de desabastecimento. “A procura aumentou muito depois do almoço (desta quarta-feira) com as notícias de desabastecimento. As pessoas estão se prevenindo para não ficar sem”, contou.