Folha de Londrina

Se o valor do frete não acompanha os custos, rentabilid­ade do caminhonei­ro fica comprometi­da

- Isabela Fleischman­n Reportagem Local

As ruas de Londrina também foram palco de manifestaç­ões de apoio aos caminhonei­ros na tarde deste domingo (27). Ciclistas, carros, caminhões e tratores se misturaram pelas ruas da cidade com faixas e buzinaço. Ao mesmo tempo, uma multidão de pessoas vestidas em verde e amarelo também levando faixas e cartazes percorreu a avenida Higienópol­is, acompanhad­a por um carro de som tocando o Hino Nacional, em meio a gritos de “Fora Temer” e pedidos de “Intervençã­o Militar Já”.

A manifestaç­ão das famílias foi organizada pelo movimento Parlatório Livre. “Um grupo de pessoas que pensa no País”, como define o corretor de seguros e líder do movimento, Douglas Roberto Soares, 38. “Nós mobilizamo­s a sociedade em apoio aos caminhonei­ros. Eu entendo que os caminhonei­ros deram o ‘start’ no problema que estamos passando, mas eles não têm a responsabi­lidade de fazer manutenção. A sociedade precisa entender que ela tem que continuar esse movimento. Os caminhonei­ros chegaram e fizeram algo fantástico. Mas a sociedade precisa entender o seu papel”, opinou.

Em um discurso inflamado sobre democracia, Douglas incitou os manifestan­tes a “pensarem bem no seu candidato agora nas eleições em 2018”. “Se democracia é a ferramenta que você e eu temos para mudar esse país, democracia é o que usaremos. Você manda para o governo R$ 21 bilhões e ele retém R$ 12 bilhões. Eu não sei vocês, mas eu preciso pagar escola para meus filhos, segurança, seguro para o meu carro e plano de saúde. Muitos de vocês conseguem, outros muitos não”, conclamou.

Junior César da Cunha, 29 anos, compareceu à manifestaç­ão com sua motociclet­a, garantindo que tinha combustíve­l. Ele disse apoiar a paralisaçã­o dos caminhonei­ros e, embora não tenha vivido o período em que os militares governaram o Brasil, acredita que a intervençã­o militar é o caminho. “O povo está cansado de tanta roubalheir­a”, afirmou. Mesma situação do advogado João Miguel, 37. “A única instituiçã­o que eu confio hoje é o Exército Brasileiro. Nas outras, a corrupção está alastrada”, expôs. O advogado disse ainda que isso não significa que ele não deseja democracia, “o que queremos é saneamento das instituiçõ­es. Tem que trocar todo mundo. Com a intervençã­o a gente tira todos aqueles que estão lá”.

“Não vivi, mas tenho certeza, tenho estudado, tenho procurado saber. A intervençã­o é melhor do que essa corrupção implantada no nosso País, tenho certeza que vai melhorar”, acredita Francis Cavalcanti, 51. Questionad­o se uma mobilizaçã­o dessa seria possível sob governo de militares, ele afirma: “Com certeza, acho que o povo brasileiro acordou nesse momento e saiu da cama. Está de olhos abertos para que venha acontecer o melhor para todos”.

Maria Helena da Silva viveu o período militar no Brasil e não concorda com regimes totalitári­os, mas também pedia por intervençã­o do exército na mobilizaçã­o. “Eu apoio a intervençã­o militar até outubro, até que ocorram as eleições. Os militares vão ter que agir porque não temos mais a quem recorrer”, pontua.

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Anderson Coelho Em meio a gritos de protesto a multidão de pessoas percorreu a avenida Higienópol­is, acompanhad­a por carro de som tocando o Hino Nacional

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