Se o valor do frete não acompanha os custos, rentabilidade do caminhoneiro fica comprometida
As ruas de Londrina também foram palco de manifestações de apoio aos caminhoneiros na tarde deste domingo (27). Ciclistas, carros, caminhões e tratores se misturaram pelas ruas da cidade com faixas e buzinaço. Ao mesmo tempo, uma multidão de pessoas vestidas em verde e amarelo também levando faixas e cartazes percorreu a avenida Higienópolis, acompanhada por um carro de som tocando o Hino Nacional, em meio a gritos de “Fora Temer” e pedidos de “Intervenção Militar Já”.
A manifestação das famílias foi organizada pelo movimento Parlatório Livre. “Um grupo de pessoas que pensa no País”, como define o corretor de seguros e líder do movimento, Douglas Roberto Soares, 38. “Nós mobilizamos a sociedade em apoio aos caminhoneiros. Eu entendo que os caminhoneiros deram o ‘start’ no problema que estamos passando, mas eles não têm a responsabilidade de fazer manutenção. A sociedade precisa entender que ela tem que continuar esse movimento. Os caminhoneiros chegaram e fizeram algo fantástico. Mas a sociedade precisa entender o seu papel”, opinou.
Em um discurso inflamado sobre democracia, Douglas incitou os manifestantes a “pensarem bem no seu candidato agora nas eleições em 2018”. “Se democracia é a ferramenta que você e eu temos para mudar esse país, democracia é o que usaremos. Você manda para o governo R$ 21 bilhões e ele retém R$ 12 bilhões. Eu não sei vocês, mas eu preciso pagar escola para meus filhos, segurança, seguro para o meu carro e plano de saúde. Muitos de vocês conseguem, outros muitos não”, conclamou.
Junior César da Cunha, 29 anos, compareceu à manifestação com sua motocicleta, garantindo que tinha combustível. Ele disse apoiar a paralisação dos caminhoneiros e, embora não tenha vivido o período em que os militares governaram o Brasil, acredita que a intervenção militar é o caminho. “O povo está cansado de tanta roubalheira”, afirmou. Mesma situação do advogado João Miguel, 37. “A única instituição que eu confio hoje é o Exército Brasileiro. Nas outras, a corrupção está alastrada”, expôs. O advogado disse ainda que isso não significa que ele não deseja democracia, “o que queremos é saneamento das instituições. Tem que trocar todo mundo. Com a intervenção a gente tira todos aqueles que estão lá”.
“Não vivi, mas tenho certeza, tenho estudado, tenho procurado saber. A intervenção é melhor do que essa corrupção implantada no nosso País, tenho certeza que vai melhorar”, acredita Francis Cavalcanti, 51. Questionado se uma mobilização dessa seria possível sob governo de militares, ele afirma: “Com certeza, acho que o povo brasileiro acordou nesse momento e saiu da cama. Está de olhos abertos para que venha acontecer o melhor para todos”.
Maria Helena da Silva viveu o período militar no Brasil e não concorda com regimes totalitários, mas também pedia por intervenção do exército na mobilização. “Eu apoio a intervenção militar até outubro, até que ocorram as eleições. Os militares vão ter que agir porque não temos mais a quem recorrer”, pontua.