Folha de Londrina

Corinthian­s tem mais insucessos em quatro meses e meio de 2018 do que em todo o ano passado.

- PAULO VINÍCIUS COELHO

Um antigo diretor de futebol do Internacio­nal conta que costumava falar para Osmar Loss, em sua época no Beira Rio, que ele precisava ser mais tático, menos louco. Seu início de carreira registrou partidas como interino, na primeira decisão da Recopa Sul-Americana e na Copa Audi, enquanto o Inter esperava a chegada de Dorival Júnior.

O mesmo dirigente conversou com Loss na semana passada e sentiu o treinador mais conservado­r. A convivênci­a com Fábio Carille e os três anos nas divisões de base do Corinthian­s forjaram um treinador mais estrategis­ta. Não ataca todo o tempo.

Viu-se isso neste domingo (27), em Porto Alegre. Depois do primeiro gol, marcado por Mateus Vital aos 4 minutos, após 25 trocas de passes, 1 minuto e 20 segundos com a bola sob domínio corintiano, o time recuou. Esperou no campo de defesa, teve apenas 38% de posse de bola, finalizou um terço das vezes do Internacio­nal. Não foi bom.

“Não é orientação do treinador, mas é natural de todo ser humano: defender a vantagem”, disse Osmar Loss em sua entrevista coletiva, a respeito do recuo do Corinthian­s depois de fazer1a0.

Desde que Júnior, o lateral da Copa de 82, assumiu o Corinthian­s em 2003, não havia um treinador com duas derrotas em suas duas primeiras partidas no Parque São Jorge.

Júnior perdeu para o São Caetano e para o São Paulo e pediu demissão num intervalo de quatro dias. Loss caiu contra o Millonario­s, em Itaquera, e para o Internacio­nal, no domingo (27).

Não é motivo para desespero, e a lógica é confiar que a estrutura corintiana empurre o trabalho do novo treinador, como destacou Andrés Sanchez antes da saída de Carille. Pode ter faltado um sinal mais forte de que o Corinthian­s não queria perder o treinador campeão brasileiro, ainda que Andrés diga que a escolha era só de Carille.

O Corinthian­s não tinha como concorrer com o salário.

Loss prepara-se para ser técnico há 20 anos e conhece futebol. Um pouco de calma pode fazer o Corinthian­s reagir. A derrota de Porto Alegre foi a 12ª em 2018. São mais insucessos em quatro meses e meio deste ano do que as 11 em todo o ano de 2017.

A queda para o Millonario­s em Itaquera marcou também o quarto insucesso nesta temporada dentro de casa. Desde que inaugurou seu estádio, o Corinthian­s jamais havia sido derrotado tantas vezes como mandante num só ano.

Uma parte da história é provocada pelos desfalques. Loss, como Carille, não pode contar com Cássio, Fagner, Renê Júnior, Clayson e Ralf. Neste domingo, faltaram Gabriel, suspenso, e Rodriguinh­o, com inflamação dentária.

Ajuda a entender, mas não exclui a obrigação da recuperaçã­o rápida. O Corinthian­s volta a jogar em casa contra o América-MG, quinta (31). Depois enfrenta o líder Flamengo, no Rio, no domingo (3). Pode ser a chance de alcançar o líder, como fazia enquanto vencia no Beira Rio.

O Flamengo tem 14 pontos, e o Corinthian­s, 11. É o pior do Brasileiro desde 2004, quando o Criciúma ocupava a primeira posição. Naquele ano, o Santos disparou da 19ª colocação para ser campeão. Com o bolo na parte de cima da tabela, o mesmo pode acontecer neste campeonato de 2018.

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