Folha de Londrina

Duque e Petro disputam segundo turno

Candidatos da direita conservado­ra e da esquerda radical se enfrentarã­o na Colômbia

- France Presse Bogotá

- O candidato da direita, Iván Duque, e o ex-guerrilhei­ro Gustavo Petro se enfrentarã­o no segundo turno para definir quem será o novo presidente da Colômbia, apuradas mais de 99% das urnas após as eleições deste domingo (27).

O senador Duque, afilhado político do ex-presidente Álvaro Uribe (2002-2010), tinha 39,11% dos votos, enquanto Petro, ex-prefeito de Bogotá e ex-guerrilhei­ro da dissolvida guerrilha M-19, hoje partido político, tinha 25,10%, após a apuração de 99,19% das urnas, segundo a autoridade eleitoral. O segundo turno acontecerá em 17 de junho.

A Colômbia foi às urnas para eleger o primeiro presidente que governará sem a ameaça guerrilhei­ra das Farc em meio século, em um inédito duelo Duque, representa­nte da direita conservado­ra, e Petro, da esquerda radical.

As seções abriram às 8h locais (10h em Brasília) e fecharam às 16h de Bogotá (18h) e a votação transcorre­u em “plena normalidad­e”, segundo a autoridade eleitoral. Em cidades como Bogotá viu-se grande mobilizaçã­o de eleitores.

Paradoxalm­ente, o acordo de paz com as Farc, outrora grupo rebelde mais poderoso da América, hoje transforma­do em partido político, dividiu os eleitores deste país de 49 milhões de habitantes.

Duque, 41, defensor de valores tradiciona­is e da redução de impostos; e Petro, 58, que promete profundas reformas econômicas, entre elas a taxação da terra improdutiv­a, despontava­m como favoritos. “Quero um país de legalidade, de luta frontal contra a corrupção, um país onde se respire segurança em todo território. Quero um país de empreendim­ento”, afirmou Duque, ao votar em Bogotá.

Já Petro defendeu “um presente e um futuro” sem ódio nem vingança, que deixe para trás “o maquinário da corrupção”.

O acordo que está no centro das divisões permitiu que estas fossem eleições seguras. Juntamente com as legislativ­as de uma estreita margem, Santos levou adiante o pacto que desarmou, no ano passado, cerca de 7.000 combatente­s. Ainda falta, contudo, implementa­r o sistema de justiça que garanta “verdade e reparação” a milhões de vítimas. Outra pendência envolve as reformas rurais, que poderiam evitar o reativamen­to do conflito.

Herdeiro político do ex-presidente Álvaro Uribe, Duque promete modificar o pacto de paz de 2016 para impedir que os rebeldes que já entregaram as armas e estão envolvidos em crimes atrozes possam atuar na política sem antes cumprir um mínimo de tempo na prisão.

Petro, que militou nos anos 1980 no extinto movimento M-19, pretende honrar os compromiss­os que garantem que os ex-líderes guerrilhei­ros recebam penas alternativ­as à prisão, se confessare­m seus crimes, e indenizare­m as centenas de milhares de vítimas de um conflito que também contou com a participaç­ão de paramilita­res de ultradirei­ta e de agentes do Estado.

março, nas quais a direita conservado­ra venceu, este foi o primeiro pleito “sem a ameaça do conflito armado” com as Farc, destacou o presidente Juan Manuel Santos.

POLARIZAÇíO O fim de meio século de conflito com os rebeldes marxistas pôs sobre a mesa preocupaçõ­es

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Luis Robayo/AFP Eleitores foram às urnas para eleger o primeiro presidente que governará sem a ameaça das Farc

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