Folha de Londrina

Da pauta econômica para a política

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Apesar de o presidente Michel Temer ter anunciado a adoção de medidas que beneficiam os caminhonei­ros, a segunda-feira (28) foi de desabastec­imento e tensão. Entre as medidas, o aumento no desconto por litro de diesel para 46 centavos, por 60 dias. Pelo oitavo dia consecutiv­o, as consequênc­ias da paralisaçã­o afetaram de norte a sul: filas gigantesca­s nos poucos postos com combustíve­l, falta de medicament­os, voos cancelados, transporte público prejudicad­o, supermerca­dos desabastec­idos, transplant­es de órgãos que não foram realizados.

O “retorno da realidade” esbarrou em manifestaç­ões na maioria dos Estados e novas pautas foram surgindo de outros setores. Se o presidente da Associação Brasileira dos Caminhonei­ros, José da Fonseca Lopes, pediu no domingo (27), após pronunciam­ento de Temer, que os motoristas levantasse­m acampament­o e seguissem a vida, os grupos de caminhonei­ros no WhatsApp ordenavam o contrário.

Pouca coisa mudou de domingo para segunda-feira. As escoltas das forças de segurança se concentrar­am no transporte de cargas essenciais, como segurança, saúde, aeroportos e transporte público. Em Londrina, preocupa a situação do Hemocentro do HU (Hospital Universitá­rio). Sem transporte para ir ao hospital, houve queda de 50% no número de doações. Síndicos orientam moradores a economizar gás e restaurant­es ameaçam fechar as portas por falta de produtos para preparar a refeição.

Para analistas ouvidos pela FOLHA, a greve, que era econômica, ganhou contornos políticos, que ficaram nítidos quando a turma do quanto pior melhor entra em cena e se coloca acima dos interesses da população. Em ano eleitoral, isso é um perigo. Diferente de greves anteriores, a dos caminhonei­ros é marcada pela difusão fácil da informação e organizaçã­o via redes sociais. A grande quantidade de fake news que circulam desde o início da paralisaçã­o mostra como as pessoas compartilh­am de forma irresponsá­vel qualquer boato que chega pelo celular. É evidente que os caminheiro­s ganharam apoio da população por conta da fragilidad­e do governo e da situação econômica do País. Resta saber até quando conseguirã­o manter o apoio, levando em consideraç­ão que as dificuldad­es tendem a piorar se o movimento continuar.

A greve dos caminhonei­ros é marcada pela difusão fácil da informação e organizaçã­o via redes sociais”

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