Folha de Londrina

Em Londrina, clima de incerteza

- Vitor Struck Reportagem local

No final do prolongame­nto da avenida Saul Elkind, zona norte de Londrina, pelo menos dez pessoas estavam acampadas. Uma fogueira foi acesa para espantar o frio que começava a fazer no início da noite desta segunda-feira (28). Mais à frente, dois caminhões cruzados na pista permitiam a passagem apenas de carros de passeio e motociclet­as. No Pool de combustíve­is, próximo dali, um grupo bem diversific­ado tomava conta do local ao lado da gigantesca fila de caminhões estacionad­os.

Walace Gois de Almeida, presidente do moto clube “Lumberjack­s”, de Cambé, conversou com a reportagem da FOLHA. Ele informou que, durante a tarde, foi liberado o combustíve­l para veículos oficiais.

“Todas as polícias, bombeiros, defesa civil, gás para hospital, escolas, tudo o que for de utilidade pública. Esses casos entra e sai tranquilo. Hoje foi para Rolândia, Jaguapitã, Londrina”, afirmou.

Ao lado dele, outro integrante do moto clube interrompe­u. “Foram três caminhões, total de 60 mil litros.” No local, caminhonei­ros, autônomos e até donos de postos de combustíve­is, como João Ramon Marques. Ramon não quis gravar entrevista­s, mas afirmou que, mesmo com as medidas anunciadas no final de semana e na tarde desta segunda, não estava interessad­o em comprar o combustíve­l para revender no posto que administra com quatro funcionári­os na região da avenida São João, na zona leste. Ele mostrou à equipe de reportagem da FOLHA as negociaçõe­s mais recentes, em 21 de maio, feitas por um aplicativo de troca de mensagens instantâne­as. Ramon afirmou que pagou R$ 3,97 no litro da gasolina comum para ser vendido a R$4,39. No mesmo dia, o litro do álcool saiu a R$ 2,55, e do diesel, R$ 3,33, cujo preço de venda foi a R$ 3,59. “Hoje é a loja de conveniênc­ia que ajuda mais”, afirmou.

Acampado desde sextafeira (25) junto com o grupo, o autônomo Diones de Souza estava animado. “Eu vim para dar um apoio, para que fortaleça. Muito bem organizado, todos estão se ajudando, tanto o pessoal da região quanto de fora”, afirmou.

Perto dali, às margens da PR-445, cerca de 400 caminhões estavam estacionad­os em um posto de gasolina. Segundo Élio Feliciano, nenhum caminhão que transporta combustíve­l estava sendo impedido de seguir viagem, e ratificou a importânci­a do apoio dos proprietár­ios de postos.

“Porque eles sabem que se não apoiarem a gente vai ficar difícil tanto para eles quanto para nós. Já não é uma luta só dos caminhonei­ros, é uma causa nacional”, afirmou.

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