Em Londrina, clima de incerteza
No final do prolongamento da avenida Saul Elkind, zona norte de Londrina, pelo menos dez pessoas estavam acampadas. Uma fogueira foi acesa para espantar o frio que começava a fazer no início da noite desta segunda-feira (28). Mais à frente, dois caminhões cruzados na pista permitiam a passagem apenas de carros de passeio e motocicletas. No Pool de combustíveis, próximo dali, um grupo bem diversificado tomava conta do local ao lado da gigantesca fila de caminhões estacionados.
Walace Gois de Almeida, presidente do moto clube “Lumberjacks”, de Cambé, conversou com a reportagem da FOLHA. Ele informou que, durante a tarde, foi liberado o combustível para veículos oficiais.
“Todas as polícias, bombeiros, defesa civil, gás para hospital, escolas, tudo o que for de utilidade pública. Esses casos entra e sai tranquilo. Hoje foi para Rolândia, Jaguapitã, Londrina”, afirmou.
Ao lado dele, outro integrante do moto clube interrompeu. “Foram três caminhões, total de 60 mil litros.” No local, caminhoneiros, autônomos e até donos de postos de combustíveis, como João Ramon Marques. Ramon não quis gravar entrevistas, mas afirmou que, mesmo com as medidas anunciadas no final de semana e na tarde desta segunda, não estava interessado em comprar o combustível para revender no posto que administra com quatro funcionários na região da avenida São João, na zona leste. Ele mostrou à equipe de reportagem da FOLHA as negociações mais recentes, em 21 de maio, feitas por um aplicativo de troca de mensagens instantâneas. Ramon afirmou que pagou R$ 3,97 no litro da gasolina comum para ser vendido a R$4,39. No mesmo dia, o litro do álcool saiu a R$ 2,55, e do diesel, R$ 3,33, cujo preço de venda foi a R$ 3,59. “Hoje é a loja de conveniência que ajuda mais”, afirmou.
Acampado desde sextafeira (25) junto com o grupo, o autônomo Diones de Souza estava animado. “Eu vim para dar um apoio, para que fortaleça. Muito bem organizado, todos estão se ajudando, tanto o pessoal da região quanto de fora”, afirmou.
Perto dali, às margens da PR-445, cerca de 400 caminhões estavam estacionados em um posto de gasolina. Segundo Élio Feliciano, nenhum caminhão que transporta combustível estava sendo impedido de seguir viagem, e ratificou a importância do apoio dos proprietários de postos.
“Porque eles sabem que se não apoiarem a gente vai ficar difícil tanto para eles quanto para nós. Já não é uma luta só dos caminhoneiros, é uma causa nacional”, afirmou.