Folha de Londrina

Estudantes apoiam caminhonei­ros, mas condenam ‘militarism­o’

- Isabela Fleischman­n Reportagem Local

“Somos contrários à intervençã­o militar, mas a favor da intervençã­o popular”, afirma Daniela Liborio, de 18 anos, uma das organizado­ras do ato promovido por estudantes secundaris­tas nesta segunda-feira (28) à noite no Calçadão de Londrina.

As palavras “intervençã­o militar” e “fascismo” foram frequentem­ente usadas pelos estudantes, que também pediram a “redução dos lucros exorbitant­es das transporta­doras, o fim da política de Pedro Parente na Petrobrás, a redução do preço da tarifa dos transporte­s, a revogação da reforma trabalhist­a e da PEC 55/241 – que congelou por 20 anos os investimen­tos em saúde e educação”, como pontuou Daniela Liborio.

Os jovens caminharam com cartazes, bandeiras pretas e vermelhas. Lucas Hidalgo, 23, hasteava um lábaro com o símbolo do anarquismo e disse acreditar que um sistema sem estado é a melhor solução para o Brasil. “Auto gestão com trabalhos de base e coletivos”, explicou.

Alice Aparecida Silva, 52, é professora e se juntou ao ato dos estudantes por concor- dar com a pauta. Ela avaliou que a diferença do número de adesão à manifestaç­ão de domingo, na Avenida Higienópol­is, para a desta segunda é que “as pessoas não entendem o que é uma intervençã­o militar”, alegou. A professora ressaltou que é a favor dos caminhonei­ros trabalhado­res, mas que “eles estão sendo usados pelas grandes transporta­doras”. “Quem está tomando conta desse movimento hoje infelizmen­te são os fascistas. A extrema direita está se aproveitan­do porque a esquerda não vai conversar com eles”, salientou. Alice ainda acrescento­u que a ideia de apartidari­smo e a falta de sindicatos mostra “a fragmentaç­ão desses trabalhado­res”.

“Contra o oportunism­o da direita fascista que vem tentando se apropriar da luta dos caminhonei­ros trabalhado­res”, bradaram os estudantes durante um jogral.

Daniela Liborio ainda disse que o governo federal reprimiu os caminhonei­ros com o uso das Forças Armadas. “Somos contra a militariza­ção que o governo Temer está fazendo, um acordo forçado com os caminhonei­ros”, alegou. “A greve afeta a todos, mas ela é necessária para ter um impacto social”. Da mesma maneira, Manoela Serra, 17, que também participou da organizaçã­o do evento, explicou que os estudantes querem mostrar para sociedade que não são a favor de um regime militar. A estudante ainda alegou que “as pessoas acham que se chegar a gasolina a luta acabou”. Mas, para Manoela, os secundaris­tas seguirão mobilizado­s.

 ?? Marcos Zanutto ?? Estudantes promoveram ato contra a intervençã­o militar e a favor dos caminhonei­ros na segunda-feira (28) no Calçadão
Marcos Zanutto Estudantes promoveram ato contra a intervençã­o militar e a favor dos caminhonei­ros na segunda-feira (28) no Calçadão

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